De acordo com a pesquisa realizada pela Mangue Jornalismo, por meio da reportagem “Clubes do livro resgatam literatura em Sergipe e são refúgio terapêutico de leitores”, em Sergipe há cerca de 45 clubes do livro espalhados por todo o estado.

Na pesquisa, 188 leitores da Mangue responderam que fazem parte de pelo menos um clube. Mas o que a pesquisa revela é que a concentração de clubes está na capital, Aracaju.

De todos os 75 municípios de Sergipe, a pesquisa recebeu respostas de leitores de apenas dez cidades: Barra dos Coqueiros, Campo do Brito, Itabaiana, Lagarto, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora do Socorro, Poço Redondo, Riachão do Dantas e São Cristóvão, além da capital. 

No entanto, dessas dez cidades, Poço Redondo, Riachão do Dantas e Nossa Senhora do Socorro não tiveram sinalização da presença de clube do livro atuante no município.

Lista completa com todos os clubes do livro:

A maioria dos clubes do livro possui rede social em que divulga os encontros, as leituras e os conteúdos literários. Para quem deseja entrar em um, basta copiar o nome do clube no mapa acima e buscar na rede social.

Falta de clubes do livro

Por não haver um clube do livro próximo, algumas pessoas recorrem a clubes de outras cidades. Isso envolve deslocamentos ou até mesmo encontros online. Esse é o caso de 24 leitores que informaram participar de clubes que acontecem em outras cidades, como é o caso dos leitores de Nossa Senhora do Socorro e Poço Redondo, que participam de clubes que acontecem em Aracaju, e Riachão do Dantas, que participam de clubes na cidade de Lagarto.

Outros leitores participam de clubes que acontecem em São Paulo, como é o caso do clube Skeelo e o Ler Juntos, que acontece de forma virtual, ampliando a rede de encontro de leitores de diversos lugares do Brasil.

Pausas necessárias para grandes recomeços

Mas para além dos clubes do livro que estão atuando ávidamente pelo estado de Sergipe, há aqueles que encerraram as suas atividades por força do destino ou precisaram dar uma pausa para se reestruturar, como é o caso do clube Lendo Mulheres Pretas.

O clube foi idealizado por Jacira Santos, que convidou Sandra Ribeiro para ajudá-la a organizar e estruturar o projeto. Sandra é formada em história, e conta que um dos principais objetivos do clube é estimular o letramento racial, e para que isso seja possível, as organizadoras definiram que além da leitura de um livro de ficção, também seria lido um livro de cunho acadêmico para instrumentalizar o debate.

“A gente sempre teve muito cuidado em qualificar a nossa discussão, porque é muito bom a gente discutir uma obra literária pelo prazer de discutir, de falar sobre ela, de partilhar os entendimentos, mas a gente também acredita que a discussão literária precisa levar a gente para algum lugar, ou melhor, tirar a gente de algum lugar”, disse Sandra.

Ela argumenta que ao perceber “um episódio de racismo ou de sexismo, preciso ter instrumentos, eu preciso ter argumentos para reagir àquilo, é o que a gente chama de letramento racial e o letramento racial ele só é possível quando eu me embaso desses argumentos técnicos, desses argumentos teóricos, quando eu leio autores que já falam justamente desse contexto histórico que nos levou ao que somos hoje em dia”, explicou Sandra.

O clube, que acontecia de forma virtual abrangendo leitores de diversos lugares do Brasil, está passando por uma pausa para ser estudado enquanto um coletivo e voltar com uma outra estruturação. Mas enquanto estava ativo, o grupo conseguiu realizar pelo menos um encontro presencial, o Sarau das Pretas, em que foram debatidas questões sobre racialidade e pertencimento. O Sarau também foi um momento especial para a arrecadação de livros, em que os leitores levaram cerca de 100 exemplares que foram doados para o Presídio Feminido de Sergipe.