Fonte do gabinete de António Costa indicou que o antigo primeiro-ministro português representará a UE na cerimónia do Plano de Paz para o Médio Oriente, após ter sido convidado para marcar presença pelo Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, e pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump.
“O plano oferece uma verdadeira oportunidade para construir uma paz justa e sustentável, e a UE está totalmente empenhada em apoiar estes esforços e contribuir para a sua implementação”, adiantou a mesma fonte oficial.
A lista de confirmações vai sendo atualizada a cada minuto.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, também estarão na cimeira organizada pelo Egito e Estados Unidos na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh.
A presença de António Guterres nesta cimeira, onde são esperados cerca de 20 líderes mundiais, foi anunciada por um porta-voz da ONU.
Emmanuel Macron também já foi confirmado, bem como o chanceler alemão Friedrich Merz.Hamas ausente
Um responsável político do movimento islamita palestiniano afirmou este sábado à Agência France Press, AFP, que o Hamas não irá participar da assinatura oficial do acordo para Gaza. A cerimónia está marcada para segunda-feira à tarde.
“Em relação à assinatura oficial, não estaremos presentes”, disse Hossam Badran em entrevista à AFP, sublinhando que o movimento islamista palestiniano estava a agir “através de mediadores do Qatar e do Egito”. Ainda não é claro se o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, irá comparecer.
Os preparativos para a assinatura têm estado a ser coordenados pelo ministro do Egito para os Negócios Estrangeiros com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
O presidente Donald Trump é aguardado em Sharm-el-Sheik depois de ter estado de manhã em Israel, onde irá discursar no parlamento, o Knesset, e encontrar-se com reféns libertados e as suas famílias.
Em Sharm-el-Sheik, Trump será recebido pelo presidente egípcio, Abdul Fattah al-Sisi. Estará também presente o representante dos EUA para o Médio Orientem Steve Witkoff, assim como os mediadores.
Segunda fase “não será tão fácil”
Apesar do cessar fogo acordado por Israel e pelo Hamas, que entrou em vigor sexta-feira, para permitir a libertação de reféns e de palestinianos, várias questões sobre governação, segurança e reconstrução no pós-guerra, permanecem por regularizar.
O plano de Trump procurou num primeiro momento, estabelecer um cessar-fogo permanente, garantir a libertação de todos os reféns e restabelecer o acesso humanitário total a Gaza.
Seguir-se-ão outras duas fases, para as quais o Hamas espera negociações “mais complexas”, conforme referiu sábado Hossam Badran, à AFP.
“A segunda fase das negociações exige discussões mais complexas e não será tão fácil como a primeira fase”, referiu.
O Hamas já recusou desarmar-se e, juntamente com a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, rejeitou sexta-feira, numa declaração conjunta, qualquer “tutela estrangeira” sobre Gaza.
Também a ideia de expulsar de Gaza os membros do movimento islamita é “absurda”, mencionou Badran, na mesma entrevista.
“Os dirigentes do Hamas presentes na Faixa de Gaza estão na sua terra, a terra onde viveram, com as suas famílias e o seu povo. Portanto, é natural que lá permaneçam”, disse, considerando que expulsar palestinianos, sejam eles membros do Hamas ou não, “não tem sentido”.
Donald Trump, que mencionou a ideia no início do ano, desistiu dela em março e na semana passada voltou a rejeitá-la. “Ninguém será obrigado a partir, muito pelo contrário”, afirmou.
Badran assegurou também que o Hamas “repelirá a agressão”, se a guerra recomeçar em Gaza. Ameaça que responde a declarações, sexta-feira, do porta-voz do exército israelita de que este está “bem preparado para regressar ao combate” contra o Hamas se o grupo militante mantiver o controlo de Gaza após o fim da guerra.
O que falta negociar
A proposta de Donald Trump inclui a retirada faseada do enclave por parte das forças de Israel, cuja primeira fase está em curso desde sexta-feira.
Como parte do plano, um destacamento inicial de 200 soldados norte-americanos está programado para chegar a Israel para ajudar a monitorizar o cessar-fogo em Gaza.
O novo chefe do Comando Militar do Médio Oriente (CENTCOM) dos EUA, Brad Cooper, anunciou no sábado que visitou Gaza para discutir a “estabilização” da situação, garantindo ao mesmo tempo que nenhuma tropa norte-americana seria enviada para o território palestiniano.
Em vez disso, espera-se que os militares norte-americanos coordenem uma força-tarefa multinacional que será enviada para Gaza.
Os países árabes e muçulmanos comprometeram-se por seu lado a “desmilitarizar Gaza” rapidamente. Os túneis e as instalações de produção do Hamas serão também destruídos, estando previsto o desarmamento do grupo e proibida a sua participão na nova administração do enclave.
Estas duas últimas condições deverão ser as mais difíceis de negociar.
O plano envolve também o treino das forças policiais locais.