Em Setúbal, o presidente da Câmara e recandidato não foi além do quarto lugar. Em Évora, João Ferreira ficou atrás do PSD. Há “uma redução da expressão eleitoral”, assume Paulo Raimundo

É a primeira vez na história que a CDU não conquista uma capital de distrito em eleições autárquicas. Em todos os outros momentos, o partido hoje liderado por Paulo Raimundo, conseguiu sempre controlar ou Évora ou Setúbal. 

Nesta noite, deu-se uma hecatombe. Não só o atual presidente da Câmara de Setúbal e recandidato pelos comunistas, André Martins, não conseguiu segurar o lugar como, ao que tudo indica, não deverá ir além de uma vereação. Em Évora, onde a CDU tinha vencido em 2021, a candidatura de João Oliveira não foi além do terceiro lugar e conquistando apenas um mandato. 

Na verdade, nas eleições autárquicas deste domingo, a disputa em Évora deu-se entre o PS – que reconquistou a autarquia 22 anos depois e obteve 29.83% – e o PSD que ficou em segundo lugar com menos 156 votos. 

Já em Setúbal, a luta continua a dar-se entre Maria das Dores Meira, antiga autarca da CDU que se desfiliou após a posição do partido sobre a vitória de Nicolás Maduro em 2024, e Fernando José, o candidato do PS. 

É um resultado distante do período áureo da CDU autárquica. Em 1982, por exemplo, a CDU conseguiu ficar à frente em três capitais de distrito: Évora, onde elegeu Abílio Fernandes, Setúbal com o autarca Francisco Lobo e Beja, elegendo José Carreira Marques. 

Em Évora, a CDU conseguiu ser a coligação mais votada entre 1976 e 1997, tendo sido derrotada nas eleições de 2001, 2005 e 2009 pelo PS, mas conseguindo reconquistar a autarquia nas eleições de 2013, 2017 e 2021. Já em Setúbal, os comunistas não perdiam uma eleição desde 1997. E em Beja, a CDU foi ininterruptamente a vencedora autárquica entre 1976 e 2005 e em 2013.

Na primeira avaliação que fez da noite eleitoral, Paulo Raimundo assumiu o mau resultado, sublinhando que tudo apontava “para uma redução da expressão eleitoral da CDU, seja da sua votação, seja dos seus mandatos, seja do número de municípios em que é força maioritária”. Ainda assim, destacou “elementos de resistência”, designadamente a conquista de maiorias em 11 municípios, entre as quais quatro novas autarquias: Mora, Sines, Montemor-o-Novo e Aljustrel.