Uma engenheira está a revolucionar o setor da energia eólica marítima com um conceito inédito: uma turbina flutuante, sem necessidade de ancoragem e capaz de gerar até 30 MW, quase o triplo da potência de muitas turbinas atuais. A solução promete maior eficiência e um impacto ambiental drasticamente reduzido.
8 pontos basilares desta tecnologia
- Eólica marítima flutuante.
- Tecnologia de duplo rotor.
- Até 30 MW por unidade.
- Sem ancoragem no leito marinho.
- Menor impacto ambiental.
- Instalação simplificada.
- Estabilidade face à ondulação.
- Projeto-piloto previsto para 2027.
Maior produção energética e impacto ambiental reduzido
A engenheira Emma Louise Milady desenvolveu uma turbina capaz de aproveitar o vento de forma muito mais eficiente através de um sistema de duplo rotor, um na frente e outro atrás. Esta configuração permite capturar mais energia cinética, ao contrário das turbinas tradicionais, que deixam escapar parte do fluxo de vento.
Estimativas apontam para uma produção de até 30 megawatts (MW) por unidade, valor que supera amplamente a média das turbinas marítimas convencionais.
Mas o objetivo não é apenas produzir mais energia. O projeto foi concebido para minimizar a pegada ecológica: a estrutura flutuante e sem ancoragem evita danos nos fundos marinhos, um problema recorrente nas instalações offshore tradicionais. Esta característica torna-a especialmente vantajosa em áreas protegidas ou de elevada biodiversidade.
Além disso, ao gerar mais energia por unidade, reduz-se o número total de turbinas necessárias, diminuindo a alteração da paisagem marinha e o impacto sobre a fauna. O conceito abre caminho a parques eólicos mais compactos, eficientes e sustentáveis.
Uma turbina eólica fácil de instalar
Outro ponto notável é a facilidade de instalação. A turbina é transportada horizontalmente numa barcaça e, ao chegar ao local, eleva-se por lastro, enchendo a base com areia ou outro material comum, tudo sem recurso a gruas marítimas. O processo é mais económico, seguro e rápido.
A montagem utiliza sistemas de fixação mecânica, como o pile gripper, eliminando a necessidade de grandes ferramentas de elevação ou soldaduras. Este sistema modular e escalável permite industrialização em larga escala e prazos de instalação muito mais curtos.
O design em V confere robustez estrutural e resistência ao movimento das ondas. O flutuador especialmente desenvolvido minimiza oscilações, garantindo estabilidade mesmo em condições meteorológicas adversas.
Além disso, a turbina orienta-se automaticamente com o vento, sem motores nem sensores ativos, o que simplifica a manutenção e reduz o consumo energético interno.
Rumo ao primeiro protótipo piloto
Emma Louise Milady e o engenheiro Olivier Laffitte, cofundadores da Sereo Engineering, estão atualmente a angariar 20 milhões de euros para construir o primeiro protótipo funcional e lançar uma turbina piloto até 2027.
O investimento também servirá para patentear o sistema internacionalmente, uma etapa crucial para garantir a proteção da inovação e posicionar a empresa em mercados estratégicos como os Estados Unidos, onde o interesse pela energia eólica offshore está em forte crescimento — nomeadamente na costa leste e no golfo do México.
O reconhecimento não tardou: Emma Louise Milady foi distinguida nos Best CEO Awards, em Madrid, e a Sereo Engineering já figura entre as 100 startups mais inovadoras do mundo, segundo especialistas do ecossistema tecnológico de Silicon Valley.

