(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Fotografia de Interiores, Madeira© Federico Cairoli

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  • Área
    Área deste projeto de arquitetura

    Área: 
    140

  • Ano
    Ano de conclusão deste projeto de arquitetura

    Ano: 


    2025

  • Fotógrafo

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 1 de 31© Federico Cairoli

(RE)Invenção. O projeto de curadoria da representação brasileira na 19ª MIA – Mostra Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia, parte de uma reflexão sobre as recentes descobertas arqueológicas de infraestruturas ancestrais do território amazônico para considerar as contradições e questionar condições socioambientais da cidade contemporânea. Representada em dois atos, (RE)INVENÇÃO constrói uma narrativa que atravessa tempos e territórios.

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 6 de 31© Federico Cairoli

O primeiro ato ocupa a menor sala do Pavilhão do Brasil e traz narrativas do Brasil ancestral que nos convidam a repensar, a partir de estudos arqueológicos recentes da Amazônia Central, a idade real da “floresta habitada” brasileira. Há cerca de 10 mil anos, durante o longo período desde o início do Holoceno, os povos originários ocuparam as terras baixas da América do Sul e moldaram as paisagens ao seu redor, criando infraestruturas sofisticadas que integravam conhecimento técnico e estratégias de adaptação ao meio ambiente. Portanto, a ocupação desta área é tão antiga quanto a de outros povos ameríndios. A partir do solo, terraplenos, aterros e muros de arrimo e estruturas de grande porte eram construídos para abrigar milhares de habitantes. As modificações antrópicas significativas decorrentes desta ocupação estabeleceram adaptações na natureza e criaram paisagens. A floresta amazônica, portanto, pode ser vista como o resultado da coexistência equilibrada entre homem e natureza.

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 26 de 31Planta baixa

O segundo ato ocupa a maior sala do pavilhão e propõe apresentar estratégias projetuais que tensionam a vida cotidiana em busca de equidade social e equilíbrio ecológico no Brasil contemporâneo, um país constituído por um patrimônio natural e urbano de excepcional riqueza, fruto da promessa de desenvolvimento e do desejo de emancipação cultural. Dessa forma, foca-se o olhar para a possibilidade de reconhecimento e valorização de estratégias e operações projetuais “encapsuladas” na engenhosa produção existente, herdada e apropriada. Complexa, mas desigual; útil, mas limitada; essa é a nossa “infraestrutura herdada”. Neste caso, não se trata de resgatar a imagem ou os princípios estéticos dos projetos exemplares do passado, mas de atualizar o problema, colocá-lo em suspensão para considerar as contradições, questionar as condições socioambientais da cidade contemporânea e apresentar possibilidades de aprendizado e ação para os desafios futuros. Que lições, em termos de pertinência e significação, podemos extrair da relação entre esse patrimônio construído infraestrutural e o patrimônio natural?

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Fotografia de Interiores, Madeira© Federico Cairoli(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Fotografia de Interiores, Cozinha, Madeira© Federico Cairoli

O Pavilhão do Brasil em Veneza foi recentemente restaurado a partir de uma proposta de renovação de autoria dos Arquitetos Associados e Henrique Penha, parte da estratégia da equipe para a curadoria da 17ª MIA. Projetado pelos arquitetos Henrique Mindlin, Giancarlo Palanti e Walmir Amaral em 1960, o pavilhão é composto por duas salas de exposição com características distintas. A menor delas possui grandes panos de vidro do tipo “piso-teto”, voltados para os terraços laterais. Por sua vez, a segunda sala não possui aberturas no “nível do olho”. Ao invés disso, a iluminação natural adentra o espaço através de grandes janelas altas de vidro translúcido do tipo “U-glass” que contornam o espaço.

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Fotografia de Interiores, Concreto© Federico Cairoli(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 19 de 31© Federico Cairoli

Conceito da Instalação Expositiva. O espaço da exposição foi projetado pela equipe de curadores a partir de elementos mínimos que se utilizam da estrutura do Pavilhão do Brasil como suporte para reconfigurar seus espaços internos. Na primeira sala (primeiro ato), todos os elementos da instalação se apoiam no chão. Na segunda sala (segundo ato), a instalação é construída a partir do equilíbrio de painéis de madeira, pedras usadas como contrapesos e cabos de aço que formam um sistema que, percorrido por forças de ação e reação, mantém-se suspenso e estável. Dessa forma, os materiais da instalação podem facilmente ser remontados ou reciclados em novas formas de aproveitamento após a exposição.

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 21 de 31© Federico Cairoli

O sistema expositivo da 2ª sala é formado por painéis horizontais e uma mesa em compensado de madeira de reflorestamento interligados por cabos de aço tracionados. O equilíbrio das cargas do sistema é viabilizado pelo contrapeso de blocos de mármore suspensos nos cabos articulados nas polias fixadas no teto e em uma alça fixada no piso. A transmissão das cargas é garantida por dois cabos de aço em cada conjunto de painéis, que se entrelaçam no ponto central do sistema um tubo metálico circular que distribui as forças de tensão e dá estabilidade à estrutura. A tração no cabo inferior resulta do encaminhamento da reação vertical para a alça, de forma que a mesa equilibra por compressão os esforços horizontais. A mesa e os painéis, em suspensão, tornam ela própria uma nova estrutura e reconfiguram, assim, a espacialidade da sala. O mármore Carrara utilizado nos contrapesos foi “cinzelado” por um escultor local a partir de blocos maiores até chegar no peso máximo de 25kg por bloco. 

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 29 de 31Diagrama

De madeira geral, o desenho da instalação das duas salas parte da ideia de ressignificar a noção de infraestrutura como modo de habitar (et.latim strutura) e como sistema (et. grego systēma): um todo organizado que compõe suas partes na busca por equilíbrio entre cultura e natureza. A coexistência presente na ancestralidade do território amazônico inspira um olhar para debater estratégias existentes das cidades contemporâneas, ações projetuais que configuram a arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe.

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 13 de 31© Federico Cairoli(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 11 de 31© Federico Cairoli(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Imagem 7 de 31© Federico Cairoli

Sobre o Plano Coletivo. O Plano Coletivo é um grupo de arquitetos, professores e pesquisadores que possuem interesses e formações diversos e colaboram de forma livre em torno de dois objetivos comuns: discutir o território urbano como narrativa crítica e refletir sobre arquitetura como ação socioambiental. Atualmente, o Plano Coletivo conta com dez integrantes que colaboram entre si de diferentes formas: André Velloso (ARQBR), Carolina Pescatori (FAU-Unb), Cauê Capillé (FAU-UFRJ), Daniel Mangabeira (BLOCO Arquitetos), Eder Alencar (ARQBR), Guilherme Lassance (FAU-UFRJ), Henrique Coutinho (BLOCO Arquitetos), Luciana Saboia (FAU-Unb), Matheus Seco (BLOCO Arquitetos) Sérgio Marques (FAU-UFRGS).

(RE)INVENÇÃO: Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza / Plano Coletivo - Fotografia de Interiores© Federico Cairoli