Neimar De Cesero / Agencia RBSParte dos alunos da disciplina de Astronomia e Astrofísica do Cetec. Na foto, E-D, Victor Augusto de Oliveira Rancan, Arthur Schneid Eich, João Luiz Dobler Basso, Mateus Menegat Terres, Pedro Marcon de Mello e Gustavo Heinen SchiavoNeimar De Cesero / Agencia RBS

Em um futuro breve, o Sistema Solar pode ganhar uma referência caxiense. É que estudantes da Escola de Ensino Médio e Técnico da Universidade de Caxias do Sul, o Cetec UCS, realizaram uma descoberta preliminar de cinco asteroides. Caso o feito seja validado, a partir de um processo que cumpre regras internacionais, os alunos terão a chance de batizar os corpos celestes. Os resultados do trabalho serão homenageados no dia 22, em Brasília, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Nomeado como Caça Asteroides MCTI, o projeto que possibilitou a detecção dos estudantes caxienses é desenvolvido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações em parceria com o International Astronomical Search Collaboration, programa que é filiado à Nasa. O propósito da iniciativa é popularizar a astronomia, democratizar o acesso à ciência e possibilitar descobertas originais com a participação de qualquer cidadão que se interesse pelo assunto. 

A partir da inscrição no projeto, os alunos da disciplina de Astronomia e Astrofísica do Cetec UCS receberam imagens do céu de um observatório localizado no Havaí. Com a ajuda de um software, a equipe se debruçou sobre a pesquisa entre julho e agosto. O objetivo era encontrar corpos que apresentassem alguma movimentação e que sugerissem para a existência de um asteroide. As detecções, então, se transformaram em relatórios que foram encaminhados para aprovação do programa.

— Entre Marte e Júpiter temos um cinturão de asteroides e a maior parte deles já está catalogada, mas, agora, está sendo feito esse refinamento. Este projeto tem conseguido ampliar o alcance das análises, porque qualquer pessoa pode participar — explica a professora da disciplina, Júlia Bristot Matos.

Para o estudante Victor Augusto de Oliveira Rancan, 18 anos, a descoberta dos asteroides representa uma experiência que agregará para o futuro. Além dele, outros 12 alunos do terceiro ano do Ensino Médio integraram a equipe.

— É muito legal! Sinceramente, há três anos, eu não pensava que estaria aqui falando e pesquisando sobre o espaço, além de analisar e encontrar objetos, a partir de imagens providas por satélites gigantes. É uma porta que se abre para o futuro. Eu vou poder falar que tive essa experiência na escola e vai me permitir que eu tenha mais oportunidades — projeta Victor.

As etapas até a nomeação dos asteroides

  • O processo de catalogação e nomeação de um asteroide é longo e precisa respeitar etapas.
  • A partir da detecção preliminar, o objeto é avaliado por diferentes observatórios, em noites distintas, podendo, então, chegar a segunda fase e receber uma designação provisória
  • Para se tornar definitivo, o asteroide precisa ter a órbita dele calculada com segurança. Há observações contínuas, geralmente ao longo de várias oposições. 
  • Esta etapa pode ultrapassar os seis anos de duração e gera um número ao objeto descoberto.
  • O batismo é a última fase, na qual o descobridor oficial tem a honra de sugerir um nome ao asteroide, em um prazo de até 10 anos.

“Conseguimos mapear o nosso sistema solar e entender tudo o que existe nele”

Para além de aproximar ainda mais os estudantes da astronomia, a professora Júlia entende que existe uma relevância prática para a ciência no projeto brasileiro em parceria com o programa internacional.

— É importante porque conseguimos mapear o nosso sistema solar e entender tudo o que existe nele. Inclusive, analisando as imagens e observando os asteroides que já estão catalogados, podemos contribuir, fazendo ajustes de rota e ajudando os cientistas a deixarem os dados deles ainda mais precisos — sinaliza a docente do Cetec, que acrescenta:

— Em relação aos alunos, eu senti que eles ficaram superempolgados. Claro que descobrir algo novo sempre é muito legal, mas justamente quis mostrar a eles que a ciência não é só feita por descobertas novas e mirabolantes. Esse conhecimento construído no dia a dia é o que fundamenta todo o resto. É um trabalho de formiguinha — finaliza Júlia.

Em Brasília, os estudantes de Caxias serão homenageados com medalhas e certificados, em uma cerimônia no auditório do Museu Nacional da República. Os itens são um reconhecimento pela colaboração com o trabalho científico.