Ozzy Osbourne, que nos deixou em julho deste ano, concluiu seu terceiro e último livro de memórias, O Último Ritual, apenas dias antes de sua morte.
A obra é um retrato intenso das batalhas de saúde que enfrentou nos últimos anos de sua vida, oferecendo aos fãs uma visão íntima de seus momentos mais desafiadores. Entre cirurgias, quase-mortes e a luta para voltar aos palcos, Ozzy também revisita acontecimentos marcantes de sua carreira com uma perspectiva mais madura.
O livro não se limita a episódios trágicos ou médicos: ele também mostra o lado humano e muitas vezes surpreendente de Osbourne, revelando histórias de bastidores, arrependimentos, amizades inesperadas e memórias de colegas de banda.
Além de relembrar sua trajetória musical, Ozzy aproveita para se despedir de seus fãs e compartilhar reflexões sobre a vida e a morte, mostrando que, mesmo no auge de sua fama, continuava profundamente humano.
A Ultimate Classic Rock fez uma lista bem interessante com as 10 das revelações mais impactantes de O Último Ritual, e a gente resume elas pra você logo abaixo.
10 revelações de Ozzy Osbourne em seu último livro
1. Uma ‘ressaca épica’ resultou em sua melhor performance ao vivo
O melhor show que já fiz — na minha opinião — foi no Monsters of Rock, em Castle Donington, 1984. Na noite anterior, no hotel, eu estava absolutamente maluco. Estamos falando dos meus dias de destruição máxima.
Apesar de rapidamente aprender que não era prudente se apresentar embriagado, ele afirma que a ressaca acabou o preparando para o palco:
Levantei da cama à tarde, me injetaram Decadron, subi ao palco e simplesmente arrasei. É uma lei estranha. Você se prepara demais e dá errado. Vai sem pensar, com uma ressaca colossal, e é incrível.
2. Teve que demitir um colega de banda muito safado
Após a morte de Randy Rhoads em 1982, Rudy Sarzo deixou a banda de Ozzy alguns meses depois. Don Costa, ex-baixista do W.A.S.P., assumiu o lugar.
Don era um grande músico. O problema é que ele era maluco. Sério, maluco de verdade. Ele tinha um ralador de queijo preso ao baixo e, durante o show, usava para raspar a pele dos nós dos dedos… e de outras partes. A dor devia ser insuportável… ele nunca usava camisa, só calça branca, que ficava toda suja de sangue no fim do show.
Ozzy ainda lembra que Costa era “o cara mais safado que já conheci. Ele transava com qualquer coisa… A época dele na banda acabou quando tentou me beijar na parte de trás do ônibus. Não era brincadeira. Ele estava em cima de mim, tentando enfiar a língua na minha garganta.”
3. Uma palavra custou 100 milhões de libras ao Black Sabbath
Os erros contratuais do passado ainda assombravam Ozzy.
Nenhum de nós no Sabbath sabia das coisas. E as pessoas que nos aconselhavam muitas vezes eram as mesmas tentando nos enganar. Se eu pudesse voltar no tempo e aprender um termo jurídico, seria ‘perpetuidade’. Graças a essa palavra, perdemos para sempre o controle dos direitos de publicação do Sabbath.
Ele acrescenta que, ao perguntar ao contador quanto isso custou ao grupo, ouviu cerca de 100 milhões de libras e comentou consigo mesmo: “Não acho que os quatro de nós ainda estaríamos vivos se isso tivesse acontecido.”
4. Fez amizade com Matthew Perry, de Friends, no AA
Apesar das regras de anonimato, Ozzy revela encontros com celebridades no Alcoólicos Anônimos, incluindo Eric Clapton e o saudoso Matthew Perry, que frequentava reuniões em sua casa.
Fiquei muito triste quando disseram que ele foi encontrado desacordado na banheira, com cetamina no organismo. Ele deu tudo de si para se manter limpo. Mas não foi suficiente.
5. Relato angustiante da morte de Randy Rhoads
O capítulo mais intenso do livro é a narrativa em primeira pessoa do acidente aéreo que matou Randy Rhoads em março de 1982. Ozzy descreve o choque ao acordar com o som de um avião colidindo com o ônibus da turnê, sem saber que o veículo havia parado no meio de um campo para consertar o ar-condicionado.
Como saímos tanto da estrada?
Onde estão os outros carros?
Com o que colidimos?
Por que todo mundo está tão assustado?
Por que não ouço sirenes?
Onde está o motorista?
QUE. PORRA. ESTÁ. ACONTECENDO?
Ele ainda relembra a esposa Sharon tentando contar os membros da equipe e batendo no tour manager com um sapato, enquanto todos entravam em choque diante do fogo.
‘O que aconteceu?’ A Sharon está gritando. ‘Onde está o Randy? Onde está a Rachel?’ E ele só apontou para o fogo.
6. Paz com Ronnie James Dio após ser substituído no Black Sabbath
Depois de ser demitido do Sabbath em 1979, Ozzy trocou farpas públicas com Dio, que assumiu como vocalista. No seu livro, ele reconhece:
Refletindo, ser demitido do Sabbath foi a melhor coisa que me aconteceu – e certamente a melhor coisa para eles. Quando contrataram Ronnie James Dio, todos tinham algo a provar. E isso reacendeu o fogo dentro de nós, no momento em que mais precisávamos sentir fome novamente.
7. Virou “Ozzy” só após casar com Sharon
Minha primeira esposa se recusava a me chamar de Ozzy. Para ela, eu sempre fui John. Ozzy era apenas meu apelido da escola… Antes de conhecer Sharon, Ozzy era uma identidade separada. A pessoa que eu me tornava no palco… a bola de destruição humana. Mas, depois de me divorciar e casar com Sharon, John nunca voltou. Perguntei a ela uma vez por que nunca me chamava pelo meu nome de nascimento. ‘Gosto de você como Ozzy’, disse. Agora sou Ozzy o tempo todo.
8. Problemas de saúde o levaram a ser enganado duas vezes
Os últimos anos da vida de Ozzy Osbourne foram marcados por doenças graves e tratamentos duvidosos. Ele recorda: “Tudo que eu queria era chegar ao último show. E voltar a andar, suponho.”
Ele relata golpes de falsos especialistas: um canadense que cobrou 170 mil dólares por um “novo tipo de tomografia” que era apenas um raio-X comum, e outro, o PAP-IMI, uma máquina milagrosa que supostamente curava tudo com ondas eletromagnéticas. “Depois de tudo isso, pensei: foda-se, vou continuar com Tylenol.”
9. Reconciliação com Bill Ward após quase uma década sem contato
Com rumores sobre sua saúde circulando, os ex-companheiros de banda, incluindo o baterista Bill Ward, retomaram contato. Ozzy lembra o momento emotivo:
Talvez tenhamos sido todos enganados, Bill, mas nossas vidas mudaram para sempre com o que fizemos.
Ward respondeu: “Eu sei, Ozzy. Somos sortudos.”, ao que ouviu de Ozzy um: “E eu te amo, sabe”.
“Eu também te amo, Ozzy. Seu maluco do caralho,” finalizou Bill.
10. Concluiu o livro apenas dois dias antes de morrer
Fiel ao título, Ozzy terminou Os Últimos Rituais dois dias antes de sua morte, celebrando a alegria do último show do Sabbath, Back to the Beginning. Ele refletiu sobre a morte: “A morte tem batido à minha porta nos últimos seis anos, cada vez mais alto. Em algum momento, vou ter que deixá-la entrar.” Ainda assim, ele planejava pescar, gravar outro disco e usar sua academia em casa. Sobre sua lápide, brinca: “Estou pensando em algo curto e doce. ‘Eu disse que não estava me sentindo bem’ deve servir.”