O antigo secretário-geral do PS defendeu, esta segunda-feira, que não houve “nenhuma retratação do Chega”, pedindo que não se enfie a “cabeça debaixo da areia” após os resultados das eleições autárquicas deste domingo. “Pode acalmar-nos o espírito acreditarmos que o Chega teve um revés eleitoral e que foi o grande derrotado da noite, mas não é verdade”, afirmou Pedro Nuno Santos, numa nota publicada na sua conta pessoal do Instagram.
Para o ex-líder socialista, não se deve comparar os resultados das eleições autárquicas com as legislativas: “É comparar alhos com bugalhos”. “São duas eleições de natureza distinta, em que os temas em jogo são muito diferentes”, justificou.
Se se comparasse diretamente legislativas com autárquicas, Pedro Nuno Santos salientou que o “grande vencedor da noite teria sido o PCP, porque teria conseguido duplicar a votação de maio para outubro”. “Em maio teve 3% dos votos (183 741) e ontem teve quase 6% (316 271 votos)”, expôs o socialista, acrescentando que essa declaração seria “ridícula”. “O PCP, tal como a restante esquerda, está em retração e teve perdas consideráveis”, considerou.
O ex-secretário-geral do PS opina que André Ventura “cometeu um erro” ao definir como objetivo do Chega conquistar um “número elevado de autarquias”, mas que “só o fez porque conhece mal a realidade do poder local”. “Um partido não se faz no plano autárquico ao mesmo ritmo que se faz a nível nacional”, prosseguiu Pedro Nuno Santos, que deu o exemplo da Frente Nacional em França: “Atingiu resultados muito expressivos nas eleições mais importantes do país — as presidenciais — antes de se afirmar como força política ao nível local”.
Ainda assim, Pedro Nuno Santos destacou que o Chega, mesmo sem “qualquer implantação relevante no poder”, passou de 19 vereadores em 2021 para 137 quatro anos depois. Além disso, o partido de André Ventura “consolidou a sua posição na maior área metropolitana do país — Lisboa — e no distrito de Setúbal”.
Na mensagem, Pedro Nuno Santos expressou ainda a “gratidão a todos os candidatos”, em particular aos socialistas. “Um agradecimento especial aos que aceitaram o convite para disputar eleições difíceis em várias capitais de distrito”, destacou.
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