A SpaceX de Elon Musk lançou o seu 11.º foguetão Starship esta segunda-feira, amarando no oceano Índico, no último voo antes da empresa iniciar os testes de uma nova versão do gigante foguetão equipado com recursos para cumprir missões até à Lua e a Marte.

O Starship, que inclui o andar superior do foguetão empilhado no propulsor Super Heavy, descolou às 18h23 locais (23h32 em Portugal continental) das instalações da SpaceX no Texas (Estados Unidos). Depois de enviar o andar superior Starship para o espaço, o Super Heavy regressou para pousar nas calmas águas do golfo do México sete minutos depois do lançamento – testando uma configuração do motor de aterragem antes de explodir.

A sua última missão, em Agosto, pôs termo a uma série de testes falhados no início deste ano. O voo desta segunda-feira foi semelhante ao anterior, novamente com um lote de satélites “falsos” Starlink lançados, reacendendo por breves instantes os motores no espaço e testando novos escudos térmicos durante o regresso do espaço, antes de cair a Oeste da Austrália.

Sean Duffy, administrador interino da NASA, escreveu na rede social X que a missão é “mais um grande passo para alunar americanos no pólo Sul da Lua.

Nos próximos testes, a SpaceX espera lançar um protótipo mais avançado do Starship, com actualizações essenciais para missões espaciais de longa duração, adiantou a empresa esta segunda-feira. Isto incluirá adaptadores de acoplamento e outras alterações de hardware essenciais para o reabastecimento orbital, um processo complexo que envolve dois andares superiores do Starship atracarem em órbita para transferir centenas de toneladas de combustível a temperaturas extremamente baixas.

O protótipo actualizado “é realmente o veículo que pode levar os humanos à Lua e a Marte”, afirmou Gwynne Shotwell, presidente da SpaceX, numa conferência em Paris no mês passado. “Esse é o objectivo que queremos alcançar.”

Gwynne Shotwell espera que este novo veículo Starship voe até ao final do ano ou no início de 2026. Elon Musk, director-executivo da SpaceX, espera que uma missão de reabastecimento com dois Starships seja testada no próximo ano – uma meta que a NASA esperava em 2024 que viesse a acontecer este ano.

O reabastecimento é um dos muitos objectivos de teste necessários antes que o foguetão leve humanos até à superfície lunar, algo previsto para 2027. São necessários vários tanques de reabastecimento do Starship para poder abastecer um foguetão Starship com combustível suficiente para uma alunagem, segundo o plano proposto pela SpaceX.

Esse plano faz parte do contrato de mais de 3000 milhões de dólares (cerca de 2500 milhões de euros) que a SpaceX garantiu em 2021 no âmbito do programa espacial Ártemis, da NASA, que pretende o regresso de humanos à Lua pela primeira desde 1972. A concessão à SpaceX coloca a empresa no centro da corrida à Lua entre os Estados Unidos e a China, que aponta a sua primeira alunagem tripulada em 2030.


Um painel de consultores de segurança da NASA alertou no mês passado que o escasso progresso no desenvolvimento de elementos do projecto do módulo de alunagem do foguetão poderá atrasar o esforço lunar dos Estados Unidos em anos. A execução de um teste de alunagem (sem astronautas, portanto) na superfície áspera da Lua é outra prioridade que a SpaceX precisa de alcançar antes de enviar humanos para o satélite natural da Terra.

O Starship, o foguetão mais potente alguma vez lançado e muito maior do que o Falcon 9, da SpaceX, será fundamental também para o lançamento de satélites Starlink mais pesados, essenciais para os lucrativos objectivos de acesso móvel e de internet da empresa. É também a peça central da visão de Elon Musk para, um dia, enviar humanos e materiais para Marte.