Não sendo ainda a norma, há consumidores a receber encomendas por via de drone, nomeadamente em algumas cidades dos Estados Unidos, pela mão da Amazon, por exemplo. Entretanto, mais perto, na Irlanda, já há feedback em relação à entrega de comida por via destes veículos aéreos não tripulados.

Drone da Manna Aero

Com uma frota de drones de 23 kg, a Manna Aero já realizou mais de 200.000 voos de entrega de comida no oeste de Dublin, na Irlanda, Espoo, na Finlândia, e no Texas, nos Estados Unidos.

Na zona oeste de Dublin, especificamente, a Manna Aero já completou até 50.000 entregas, desde que o seu teste começou, há um ano e meio.

Entretanto, a startup irlandesa espera ter o primeiro programa piloto de entrega de comida por drones do Reino Unido em funcionamento em 2026. Este está ainda sujeito à aprovação regulamentar.

Segundo o diretor-executivo, Bobby Healy, o Reino Unido “seria o nosso mercado mais importante na Europa; é, de longe, o maior mercado de entregas atualmente; achamos que o nosso produto se adapta muito bem ao mercado britânico, em particular”.

Para a expansão, a empresa está “em diálogo ativo com a Autoridade de Aviação Civil [em inglês, CAA] e com a National Air Traffic Services [NATS], a gestora do espaço aéreo do país”, conforme partilhado por Healy.

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Área de aterragem da encomenda é verificada por operador humano

Quase totalmente autónomos, os drones voam a uma altitude de cruzeiro de 80 metros, e transportam desde hambúrgueres e batatas fritas até carne fresca.

Para a entrega, os clientes devem garantir que a zona de aterragem está livre de obstáculos antes de a comida ser lançada com uma corda biodegradável. O cenário é verificado por um operador humano de drones, que usa uma câmara voltada para baixo.

O tempo médio de voo é de cerca de três minutos. A vantagem é que é mais silencioso, mais seguro, mais ecológico e, em geral, melhor para os negócios do que a alternativa rodoviária.

Explicou Bobby Healy, revelando que, apesar de o café ser o pedido mais popular, a empresa ficou “realmente” surpreendida pela quantidade de ovos frescos encomendada.

Na sua perspetiva, “as pessoas estão a tentar testar-nos deliberadamente para ver se conseguimos entregar algo tão delicado como ovos, mas isso não é um problema”.

Drone da Manna Aero

Testes mostram reação das pessoas às entregas por drone

Conforme a imprensa britânica, nem todos estão entusiasmados com o novo serviço por drone, com alguns residentes a alegar que o ruído provocado pelos veículos aéreos “é muito stressante”.

Quando é constante, não se consegue relaxar. Isto acontece em toda a propriedade, não sou só eu e a [minha esposa] Florence, há muita preocupação com isso.

Disse Mark Hammond, de Blanchardstown, um bairro em Dublin.

Para outro residente, o ruído é, também, “muito, muito incómodo”, pois “o drone, quando voa, tem um ruído muito acentuado, agudo, pulsante e intrusivo”.

Segundo Michael Dooley, parte da Drone Action Dublin 15, quando pairam na altura mais baixa para libertar a carga, o som “é intolerável”.

Para a deputada local Emer Currie, é necessário encontrar um equilíbrio:

Temos de ser realistas sobre isto. Sim, isto é inovação e as coisas estão a avançar. Mas há realidades do impacto numa comunidade residencial que têm de ser levadas em consideração.

Na sua opinião, “a inovação é importante, mas a regulamentação também”.

O Governo da Irlanda introduziu, recentemente, um quadro político para os drones. No entanto, os críticos afirmam que falta regulamentação e legislação concretas, com a Manna Aero a reconhecer que o ambiente regulatório da União Europeia é mais favorável aos drones do que o de outras partes do mundo, incluindo o Reino Unido e os Estados Unidos.