O maçarico-de-bico-fino (Numenius tenuirostris) foi declarado oficialmente como extinto na mais recente revisão da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, tornando-se na primeira espécie de ave que ocorria na área continental europeia a ser assim classificada em cerca de 500 anos.
A espécie foi avistada pela última vez na lagoa de Merja Zerga, no noroeste de Marrocos, a 25 de fevereiro de 1995. Depois dessa derradeira observação cientificamente confirmada, não foram registados quaisquer avistamentos do maçarico-de-bico-fino.
Em novembro de 2024, um grupo de cientistas já anunciava a extinção global da espécie, que é agora oficializada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), a autoridade mundial sobre o estado da biodiversidade do planeta.
O anúncio da extinção “põe fim à esperança sobre a sobrevivência desta espécie, após anos de investigações exaustivas por indícios de quaisquer indivíduos remanescentes”, lamenta a UICN.
Para a organização, esta “perda devastadora” mostra claramente a necessidade “urgente” de esforços reforçados e coordenados para a conservação de aves e outras espécies migradoras.
“A extinção do maçarico-de-bico-fino é um momento trágico e preocupante para a conservação das aves migradoras”, diz Amy Fraenkel, Secretária-executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Espécies Migradoras.
“Sublinha a urgência da implementação de medidas de conservação eficazes para assegurar a sobrevivência das espécies migradoras”, acrescenta a responsável, que espera que a perda do maçarico ajude a “galvanizar ação para proteger outras espécies migradoras ameaçadas”.
O maçarico-de-bico-fino ocorria na Europa continental, no norte de África e no ocidental asiático, onde no século XIX era considerada uma espécie abundante, e pensa-se que nidificava em zonas húmidas no sul da Rússia e em partes do Cazaquistão. Com a chegada do inverno, as aves lançavam-se aos céus em direção a Marrocos, onde passavam os meses mais frios do ano.
Embora as causas que levaram ao seu declínio e consequente extinção não sejam ainda claras, especula-se que possam estar relacionadas com a drenagem de zonas húmidas onde nidificavam, para dar lugar a explorações agrícolas, e com a crescente pressão humana nas zonas costeiras. Além disso, os cientistas não põem de parte a possibilidade de a caça ter também sido um fator determinante no desaparecimento desta espécie.