Pantaleo Dell’Orco é novo presidente da Fundação Giorgio Armani, criada em 2016 como pilar do plano de sucessão do criador italiano, que morreu a 4 de Setembro aos 91 anos. O companheiro de vida e de negócios de Armani assume a presidência doravante, de acordo com os documentos consultados pela Reuters.

A direcção da fundação passa a ser composta por mais quatro membros: Irving Bellotti, banqueiro da Rothschild; Andrea Camerana, sobrinho de Giorgio Armani e um dos seus herdeiros; Elena Terrenghi, a notária a quem Giorgio Armani confiou o seu testamento, que tem assinatura de 5 de Abril de 2025; e Andrea Silvestri, advogado da Legance.

Além da presidência da fundação, Leo Dell’Orco também assume a direcção criativa da colecção masculina da Giorgio Armani, que já desenhava há 30 anos ao lado do companheiro. Por sua vez, a linha feminina fica a cargo da sobrinha Silvana Armani.

A fundação, que foi presidida por Armani até à sua morte, controla 30% dos direitos de voto do império empresarial. E será esta a propor o nome do novo director-executivo do grupo de moda, segundo informou o comité executivo da empresa no mês passado.

O testamento de Giorgio Armani determinava que a fundação recebesse a totalidade das acções do grupo, ainda que o usufruto e a ponderação sejam distribuídos. Pantaleo dell’Orco fica com a maior percentagem do usufruto (30%) e os sobrinhos, Silvana, Andrea e Roberta, ficam com 15% cada um, tal como a irmã Rosanna Armani.

Já os direitos de voto no conselho de administração dividem-se de forma diferente: Leo dell’Orco terá 40% de decisão na empresa; 30% fica para a fundação; e 15% para cada um dos herdeiros, Silvana Armani e Andrea Camerana, que trabalham directamente na empresa. Sem direito de voto, ficam Roberta e Rosanna Armani.

Mas o plano de sucessão do “maestro da moda italiana” trazia algumas surpresas: instrui os herdeiros a venderem uma participação de 15% da casa de moda dentro de 18 meses. O documento anuncia ainda que será dada prioridade ao conglomerado de luxo francês LVMH, bem como à L’Óreal ou à EssilorLuxottica, com quem a casa tem já laços comerciais. Caso a Fundação Giorgio Armani prefira não vender os 15%, poderá explorar uma cotação na bolsa.


Nos próximos cinco anos, os herdeiros têm também autorização para vender mais 30 a 55% do negócio, que Giorgio Armani deteve na totalidade desde que criou a marca própria em 1975. Mesmo que a Giorgio Armani acabe por ser vendida em bolsa, a fundação (que deve seguir as normas de conduta deixadas pelo designer) mantém uma participação minoritária de 30,1% no grupo, de forma a garantir o seu controlo.

Só em 2024, o negócio — que inclui várias linhas de moda, mas também hotéis, restaurantes ou decoração — gerou uma receita de 2,3 mil milhões de euros.