O Governo venezuelano anunciou esta terça-feira o encerramento da embaixada na Noruega, juntamente com a da Austrália, além da abertura de novas missões diplomáticas no Zimbabué e no Burkina Faso. O regime de Nicolás Maduro decidiu encerrar o complexo diplomático na capital norueguesa, dias após a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, ter sido distinguida com o Prémio Nobel da Paz, o único dos galardões atribuído por um júri de Oslo.
A decisão foi tomada para “reforçar as alianças com o sul global” e como parte de uma “realocação estratégica de recursos”, indicou o executivo do Presidente Nicolás Maduro num comunicado.
Por sua vez, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega lamentou esta segunda-feira o encerramento da embaixada da Venezuela em Oslo, um gesto diplomático que o país escandinavo considerou injustificado.
Em declarações ao diário norueguês Verdens Gang, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cecilie Roang, indicou que o Governo norueguês recebeu informações de que a embaixada venezuelana estava a fechar, na sequência de uma “decisão injustificada”. “É lamentável”, afirmou a responsável.
À Reuters, outro porta-voz da diplomacia norueguesa vincou ser “deplorável” a posição de Nicolás Maduro. “Apesar de termos diferentes visões em muitos assuntos, a Noruega deseja manter o canal de comunicação aberto com a Venezuela e vamos trabalhar para isso”, destacou, indicando que os assuntos diplomáticos entre a Noruega e a Venezuela serão agora tratados a partir da Colômbia.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros norueguês também assegurou que o Prémio Nobel é “independente do governo” da Noruega.
Por sua vez, o executivo do Presidente venezuelano afirmou que as relações bilaterais e o apoio consular à comunidade venezuelana na Noruega e na Austrália serão realizadas através de “missões diplomáticas concomitantes, cujos pormenores serão anunciados nos próximos dias”.
“A Venezuela confirma que tais ações refletem a vontade inabalável de defender a soberania nacional e contribuir ativamente para a construção de uma nova ordem mundial assente na justiça, na solidariedade e na inclusão”, declarou o Governo chavista.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse que só poderá viajar para a Noruega, em dezembro, para receber o Prémio Nobel da Paz, caso o Presidente venezuelano abandone o poder, noticiou a EFE.
“Enquanto Maduro estiver no poder, não posso deixar o lugar onde estou escondida porque há ameaças diretas contra a minha vida”, disse María Corina Machado, em entrevista ao jornal norueguês Dagens Naeringsliv.
A líder da oposição destacou que, para ir a Oslo, a Venezuela precisa de ser livre. “Aprendi a viver o dia-a-dia, e o povo venezuelano está a fazer tudo o que pode” pelo seu futuro, acrescentou a líder política. María Corina Machado disse no domingo que receber o prémio “tem um impacto muito importante tanto para os venezuelanos como para o próprio regime”.
A opositora disse ainda que, com o prémio, percebeu que o mundo reconhece que a luta contra o regime do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, é legítima. De acordo com Machado, o líder venezuelano Maduro “está absolutamente isolado e tem os dias contados”.
[Apesar da euforia em torno de Freitas, Soares recupera. O debate com Zenha será decisivo. Quando acabar, nunca mais serão amigos. A “Eleição Mais Louca de Sempre” é o novo Podcast Plus do Observador sobre as Presidenciais de 1986. Uma série narrada pelo ator Gonçalo Waddington, com banda sonora original de Samuel Úria. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E pode ouvir o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]