A partilha de bicicletas já não é novidade nas grandes cidades europeias. Em Lisboa, desde 2017, altura em que surgiram as bicicletas do sistema partilhado gerido pela Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), este é um dos meios de transporte alternativo da população. E, apesar dos problemas ligados ao funcionamento das aplicações e ao vandalismo das bicicletas, o facto é que esta forma de mobilidade gera “305 milhões de euros em benefícios anuais” na UE, segundo um novo estudo realizado pela EY, a pedido do EIT Urban Mobility e do Cycling Industries Europe (CIE), “promotora activa do sector”.
Esta iniciativa do Instituto Europeu da Inovação e Tecnologia (EIT), organismo da União Europeia que “visa acelerar as soluções e a transição para um sistema de transportes centrado no utilizador”, quantificou o retorno económico e social do investimento em programas de partilha de bicicletas na Europa.
A partilha de bicicletas encontra-se disponível “em mais de 150 cidades europeias”, como Paris e Bruxelas, que contam com milhares destes veículos, e em “pequenas cidades com algumas dezenas”. “Estas redes compõem uma frota de 438 mil bicicletas partilhadas, proporcionando milhões de viagens anuais e ligando as pessoas aos locais de trabalho, educação e aos transportes públicos”, pode ler-se no comunicado.
“A partilha de bicicletas é muito mais do que apenas outra opção de transporte – oferece retornos mensuráveis para os cidadãos, para as cidades e para o ambiente. As evidências são claras: todo o investimento na partilha de bicicletas melhora a saúde pública, torna os sistemas de mobilidades mais eficientes, e impulsiona as economias locais”, explica Bernadette Bergsma, Directora de Comunicações e Assuntos Europeus da EIT, citada no comunicado.
Este estudo revela que “a partilha de bicicletas contribui para benefícios ambientais, de saúde e económicos significativos”. Anualmente, permite “poupar 46 mil toneladas de emissões de CO₂ e 200 toneladas de poluentes atmosféricos nocivos”, ajuda a prevenir doenças crónicas, o que “resulta numa poupança de 40 milhões de euros em cuidados de saúde”, e permite diminuir engarrafamentos, cerca de “760 mil horas de produtividade, avaliadas em 30 milhões de euros, enquanto são mantidos o equivalente a seis mil empregos a tempo inteiro em toda a Europa”.
“A partilha de bicicletas já não é apenas uma despesa, mas um investimento que oferece retornos óbvios – desde a redução de emissões e ar mais limpo até maior produtividades e cidadãos mais saudáveis. Cidades como Paris, com mais de 75 milhões de viagens mensais, mostram como a adopção da partilha de bicicletas se pode tornar popular e transformar a forma como as pessoas se deslocam e como as cidades prosperam”, revela Lauha Fried, Directora de Políticas da Cycling Industries.
Até 2030, estes benefícios podem “aumentar até mil milhões de euros anuais se o investimento e a expansão continuarem”, o que evitaria a “emissão de 224 mil toneladas de emissões de CO₂, mais de 4 mil doenças crónicas evitadas, e aproximadamente 13 mil empregos mantidos”.
‘’Por cada euro investido, obtém-se um retorno de 1.15 euros, e, simultaneamente, devolve tempo às pessoas, melhora a qualidade do ar que respiram, cria emprego para aqueles que estão afastados do mercado de trabalho e reduz a pegada de carbono”, conclui Yannick Cabrol, Director da EY, responsável pelo estudo, citado também no comunicado.