A questão da entrega de cadáveres era um ponto do acordo de paz assinado entre Israel e o Hamas que já não foi cumprido na íntegra. Mas sabia-se de antemão que seria muito complicado de se materializar, pelo menos num prazo de 72 horas. Depois da alegria desta segunda-feira, em que todos os reféns vivos foram libertados, existe uma profunda deceção entre alguns familiares. “É uma violação grosseira do acordo pelo Hamas. É uma injustiça terrível. Não vamos desistir. Os mediadores devem forçar os termos do acordo”, lê-se num comunicado do Fórum das Famílias de Reféns de Israel publicado esta terça-feira.

Apesar da contestação das famílias, o acordo de paz não deverá estar em risco por causa deste revés. No Egito, para a cimeira da paz que teve lugar em Sharm el-Sheikh, o Presidente norte-americano, Donald Trump, mostrou-se confiante de que a guerra na Faixa de Gaza acabou. Questionado diretamente sobre a questão dos corpos que ainda não foram devolvidos, o líder dos Estados Unidos afirmou ser uma “tarefa horrível”. “Eles vão encontrar alguns”, garantiu, sublinhando que Israel também está empenhado nessa missão.

Sábado, dia 10 de outubro, às 12h (menos duas horas em Lisboa). Esta foi a hora em que as Forças de Defesa de Israel se começaram a retirar dos pontos da Faixa de Gaza que tinham ficado acordados. Foi também a partir daquela hora que o relógio começou a contar para que o Hamas libertasse não só os reféns vivos, como também entregasse os corpos. “O Hamas vai libertar os restos mortais dos reféns que tem em sua posse e daqueles que estão nas mãos de outras fações palestinianas em Gaza”, estipulava o acordo, que também refere que o Hamas partilharia “toda a informação sobre os restos mortais” com os mediadores.