O Governo “não usa” a Tagline, uma plataforma que foi disponibilizada ao último executivo socialista para comunicação interna e que foi apelidada de ‘WhatsApp do Governo’”.
“Para comunicação interna? Não temos essa plataforma”, respondeu Gonçalo Matias, ministro da Reforma do Estado, à margem da audição regimental no parlamento esta terça-feira. “Tagline? Não temos essa plataforma.”
Em 2023, foi noticiado pelo Expresso que o então Governo socialista teria à disposição desde 2022 esta plataforma Tagline, mas com pouco uso. O semanário avançou que a ferramenta teria tido na altura um custo de 1,6 milhões de euros e que era um investimento previsto no PRR.
O então secretário de Estado para a Digitalização e Modernização Administrativa, Mário Campolargo, declarou no parlamento que considerava a ferramenta indispensável. “Eu não comunico de outra maneira quando os assuntos são absolutamente importantes e institucionais senão pela Tagline”, disse Campolargo em novembro de 2023.
Após insistência do Observador, até com a referência às notícias sobre o ex-secretário de Estado do PS, Gonçalo Matias diz “desconhecer em absoluto essa realidade”. “Não conheço mesmo. Não me lembro dessas notícias e posso assegurar-lhe que neste momento o Governo não usa essa plataforma”, frisa o ministro.
“Eu, pelo menos, não a uso”, acrescenta Gonçalo Matias, quando questionado se algum dos Ministérios ainda utiliza a Tagline. “Não tenho nenhum conhecimento sobre isso. Podemos ir ver, vamos saber.”
Bernardo Correia, secretário de Estado para a Digitalização, também refere “não ter conhecimento” desta plataforma, contribuindo com mais um “vamos investigar”.
Segundo escreveu o Expresso em 2023, o projeto da Tagline foi desenvolvido pela IP Telecom, com operacionalização a cargo do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER). Fonte oficial desta entidade afirmou ao jornal que era “uma solução desenvolvida à medida das especificações de segurança e de funcionalidade tidas por convenientes às comunicações realizadas, que permite um excecional grau de customização, de modo a garantir o mais elevado nível de segurança, confidencialidade e integridade da informação”.
Em relação ao já comedido uso na altura, Mário Campolargo reconheceu no parlamento em 2023 que havia “hábitos muito difíceis de modificar”.