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A guerra pode ter acabado, pelo menos no papel, mas o preço da paz ainda está a ser calculado. Gaza, um território de ruínas e sobrevivência, entra agora numa nova fase — a reconstrução.
E a pergunta que ecoa entre organizações, economistas e líderes políticos é a mesma — quanto vai custar reerguer o que foi destruído?
A resposta está longe de ser simples. A ONU fala em 60 mil milhões de euros, um investimento que poderá estender-se por décadas, dependendo do ritmo dos donativos internacionais. Só nos próximos três anos, estima-se que sejam necessários 17 mil milhões, para começar a limpar 55 milhões de toneladas de escombros e reerguer as primeiras infraestruturas. Mais de 193 mil edifícios foram destruídos, entre os quais 213 hospitais e mais de mil escolas.
No Egito, o presidente Abdel Fattah al-Sisi marcou uma conferência internacional para novembro, em Sharm el-Sheikh, dedicada à reconstrução de Gaza. Donald Trump prometeu o apoio dos Estados Unidos e arriscou um número — “um bilião de euros” — um valor que, entre promessas políticas e estimativas oficiais, soa mais a símbolo do que a plano.
Em Wilton Park, no Reino Unido, representantes de mais de 30 países, incluindo a Alemanha, Itália, Jordânia, Arábia Saudita e a própria Autoridade Palestiniana, iniciaram a primeira conferência internacional sobre a reconstrução de Gaza. A reunião, que decorre até quarta-feira, procura coordenar esforços e definir prioridades para um território onde mais de 90% das habitações foram danificadas ou destruídas.
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, alcançado a 8 de outubro, abriu a porta a este novo capítulo. O plano de paz, mediado pelos Estados Unidos, Egito, Qatar e Turquia, prevê que a reconstrução seja liderada pelos palestinos, sem o envolvimento do Hamas, e acompanhada por um programa de reforma da Autoridade Palestiniana — uma exigência política para que os fundos internacionais comecem, de facto, a chegar.
O Banco Mundial e o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento já sinalizaram apoio, mas todos reconhecem que o processo será longo, caro e politicamente delicado.
No terreno, os números continuam a pesar — mais de 67 mil mortos, 170 mil feridos e uma geração inteira à espera de voltar a ter casa, escola e hospital.