Os mapas, segundo as autoridades, também “omitiam ilhas importantes” no Mar do Sul da China, onde as reivindicações de Pequim se sobrepõem às dos seus vizinhos, incluindo as Filipinas e o Vietname.
Os mapas “problemáticos”, destinados à exportação, não podem ser vendidos porque “põem em risco a unidade nacional, a soberania e a integridade territorial” da China, avança a BBC, que cita autoridades de Pequim.Os mapas são um tema sensível para a China e os seus
rivais em relação aos recifes, ilhas e afloramentos rochosos no Mar do
Sul da China.
A Alfândega da China afirmou que os mapas também não continham a linha de nove traços, que demarca a reivindicação de Pequim sobre quase todo o Mar do Sul da China.
A linha é composta por nove traços que se estendem por centenas de quilómetros para sul e para leste da sua província mais a sul, Hainan.
Os mapas apreendidos também não marcavam a fronteira marítima entre a China e o Japão, disseram as autoridades.
Segundo as autoridades os mapas rotulavam incorretamente “província de Taiwan”, sem especificar exatamente qual era a rotulagem incorreta.
A China considera Taiwan, uma ilha autónoma, o seu território e não descarta o uso da força para tomar a ilha. Mas Taiwan considera-se distinto da China continental, com a sua própria constituição e líderes eleitos democraticamente.
No entanto, o comunicado da Alfândega chinesa não irevelou onde seriam vendidos os mapas apreendidos. A China fornece grande parte dos produtos do mundo, desde luzes de Natal a artigos de papelaria.O confisco de “mapas problemáticos” por agentes
alfandegários chineses não é invulgar — embora o número de mapas
apreendidos em Shandong supere facilmente as apreensões anteriores. As
mercadorias que não passam na inspeção alfandegária são destruídas.
Em março, os agentes alfandegários de um aeroporto em Qingdao apreenderam um lote de 143 cartas náuticas que continham “erros evidentes” nas fronteiras nacionais.
Em agosto, os agentes alfandegários da província de Hebei apreenderam dois “mapas problemáticos” que, entre outras coisas, continham um “desenho incorreto” da fronteira tibetanaTensões no Mar do Sul da China
As tensões no Mar do Sul da China aumentam ocasionalmente — mais recentemente no fim de semana, quando navios da China e das Filipinas se confrontaram.
Manila acusou um navio chinês de abalroar e disparar deliberadamente o seu canhão de água contra uma embarcação do Governo filipino.
Mas Pequim afirmou que o incidente ocorreu depois de a embarcação filipina ter ignorado os repetidos avisos e “se ter aproximado perigosamente” da embarcação chinesa.
As Filipinas e o Vietname são também particularmente sensíveis às representações do Mar do Sul da China em mapas.A linha dos nove traços
O Mar do Sul da China tem uma longa história de disputas. A China e o Vietname envolveram-se em confrontos militares pelas ilhas Paracel e Spratly, no Mar do Sul da China, em 1974 e 1988.
Estas disputas eram por terra, mas, mais recentemente, o foco voltou-se para as reivindicações sobre a plataforma continental (a área do leito marinho que se estende para além da costa por pelo menos 200 milhas náuticas) e as zonas económicas (a área a pelo menos 200 milhas náuticas da costa).
Por ano, mais de cinco mil milhões de dólares em
comércio passam pelo mar, que contém ricas áreas de pesca e grandes
reservas de petróleo e gás natural, na sua maioria inexploradas.
Desde o final da década de 1940 que a China promove a chamada linha dos nove traços no Mar do Sul da China. A linha, também conhecida como “linha em U” ou “língua de vaca”, é composta por nove traços.
A China reivindica, de longe, a maior porção de território numa área demarcada pela sua chamada “linha de nove traços”. A linha compreende nove traços que se estendem por centenas de quilómetros para sul e para leste da sua província mais a sul, Hainan.
Pequim tem apoiado as suas reivindicações expansivas com a construção de ilhas e patrulhas navais.
O Vietname, as Filipinas, Taiwan, a Malásia e o Brunei reivindicaram ilhas e várias zonas no Mar do Sul da China.