Depois de André Ventura ter acusado o PS de ser um “vendido” por ter decidido abster-se no Orçamento do Estado para 2026 e assim viabilizar o documento, o líder parlamentar socialista veio devolver a acusação lembrando que o Chega ajudou o executivo de Luís Montenegro a aprovar a descida do IRC e do IRS para os escalões mais altos. Ou seja, “vendendo os idosos mais vulneráveis e os mais jovens que saem das universidades”.

De acordo com Eurico Brilhante Dias, o Chega “vendeu os mais jovens e os pensionistas na negociação que fez com o Governo”, em que aprovou a descida faseada do IRC de 20% até aos 17%, entre 2026 e 2028 ―​ a votação na especialidade decorreu nesta quarta-feira de manhã no Parlamento ―, em montantes anuais que “seriam suficientes para aumentar de forma estrutural as pensões mais baixas”. E aprovou também uma descida de IRS (que já tinha ficado combinada há vários meses, aquando da votação da revisão das taxas dos escalões do imposto) financiada com a prestação de final de curso das propinas que era paga a todos os estudantes que concluíam a licenciatura, descreveu o deputado e dirigente socialista.

“Se há partido que vendeu o seu eleitorado na primeira negociação que fez foi este partido”, apontou, referindo-se ao Chega. Nesta quarta-feira, André Ventura acusou o PS de ser “um vendido” por já ter decidido viabilizar o OE2026 do Governo.

“O PS abstém-se no orçamento por razões de estabilidade política, face ao quadro orçamental e à necessidade de conclusão da execução do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência”, justificou Eurico Brilhante Dias, ajustando que o Governo cumpriu as “regras claras” sobre leis laborais, do SNS e da política fiscal que o PS havia definido sobre o OE2026.

O deputado socialista permitiu-se ainda alguma ironia, apontando que “o partido de extrema-direita grita, talvez, por perder alguma influência” sobre o Governo no processo orçamental.