Portugal provou do próprio veneno e desperdiçou, aos 90 minutos, a possibilidade de garantir esta terça-feira, em Alvalade, ao quarto jogo do Grupo F da fase de qualificação para o Mundial2026, o nono apuramento – sétimo consecutivo – da história da selecção nacional, ao empatar com a Hungria (2-2), apesar do “bis” de Cristiano Ronaldo.

O “capitão” ainda operou a reviravolta em cima do intervalo (22 e 45+3′), depois de a Hungria ter marcado por Szalai (8′), isolando-se como melhor marcador em fases de qualificação, com 41 golos, assumindo papel de patrão de uma equipa que precisou da luz de Cristiano para colocar a Hungria em sentido.

Já depois de sair, Cristiano assistiu incrédulo o golo de Szoboszlai, aos 90 minutos, que tramou Portugal, embora o apuramento continue a ser uma questão de tempo.

Martínez fora premonitório ao dizer que a Hungria faz muito com pouco. De facto, aos sete minutos, no primeiro remate enquadrado, após escorregadela de Vitinha, Sallai obrigou Diogo Costa a defesa de recurso. Do canto e de uma postura passiva de Bernardo Silva na marcação a Szalai, resultou o golo húngaro, com o central a cabecear sem oposição.

Portugal, com Bernardo à direita e Pedro Neto à esquerda, tinha já ameaçado por Ronaldo, num disparo de primeira. Mas os húngaros, a pressionarem com Szoboszlai muito próximo do avançado Vargas, criando problemas a Vitinha e a toda a organização do jogo luso, condicionavam com eficácia.

Melhor, criavam nova oportunidade, por Sallai. A desorientação de Portugal ficava patente num livre caricato de Nuno Mendes, a tocar curto para os adversários. Cristiano Ronaldo tentava de longe o 142.º golo pela selecção e 40.º em fases de qualificação, mas seria na pequena área que o “capitão” colocaria ordem na casa, marcando após cruzamento de Nélson Semedo.

Portugal reorganizava-se, mas continuava a dar-se mal com o atrevimento húngaro, sendo incapaz de aproveitar o facto de ter estado durante breves minutos em superioridade numérica, com Schäfer forçado a abandonar aos 38 minutos.

Portugal precisou de quase toda a a primeira parte para negociar as dinâmicas do 4x4x2 de Marco Rossi, mas ainda foi a tempo de dar a volta ao marcador. Cristiano Ronaldo exibia a sua faceta predadora e depois de ter estado na iminência de voltar a marcar, bisou mesmo em período de compensação (45+3’), a passe de Nuno Mendes, que era, juntamente com Pedro Neto, uma das grandes armas de Martínez.

A Hungria tentava voltar ao jogo, apesar das dificuldades em superar a transição defensiva de Portugal, que recuperava rapidamente a bola, mantendo uma posse esmagadora, que, no entanto, não se traduzia em superioridade nos remates, ataques ou cantos, onde o equilíbrio era mais notório.

Portugal poderia ter descansado mais cedo, mas praticamente no mesmo minuto, o poste devolveu os remates de Rúben Dias e Bruno Fernandes. Neto tinha testado o guarda-redes e João Félix, vindo do banco, a passe de Francisco Conceição, permitiu nova defesa de Tóth.

A selecção precisava de sentenciar o jogo, já que a Hungria não capitulava e criava, inclusive, momentos de perigo no ataque: E numa altura em que Portugal só dependia de si para fechar a qualificação, com a Arménia a perder em Dublin, os húngaros empataram por Szoboszlai, estragando a noite em Alvalade.