A principal agência de informação dos Estados Unidos, a CIA, recebeu uma nova indicação presidencial que autoriza a realização de ações secretas e a utilização de força letal na Venezuela. A ordem tem como objetivo retirar Nicolás Maduro da presidência do país. A informação foi avançada esta quarta-feira pelo New York Times, que cita vários responsáveis dos serviços secretos com conhecimento do documento confidencial apresentado pelo Presidente Donald Trump. Também esta quarta-feira, o chefe de Estado admitiu “estar a considerar ataques terrestres” contra a Venezuela.

A CIA já possui a autoridade e autonomia para coordenar a sua ação com os Governos da América Latina, relativamente à partilha de informações dos serviços secretos e de segurança. Contudo, a resolução presidencial representa uma escalada da ação dos serviços secretos norte-americanos na Venezuela, pois permite a expansão de operações no terreno, incluindo ações diretas contra o Governo de Maduro — que podem ou não estar integradas numa operação militar mais alargada — e a utilização de força letal.

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Contudo, os responsáveis ouvidos pelo jornal norte-americano não souberam detalhar se a nova diretiva foi aprovada como uma contingência, alinhada com a nova posição de Washington em relação a Caracas, ou se a CIA já está a preparar ações concretas contra o Executivo venezuelano.

A ordem, dependente do poder executivo, é conhecida como “resolução presidencial”. Os detalhes deste tipo de diretiva não costumam ser tornados públicos e apenas são partilhados com alguns membros do Congressos, escreve o jornal, acrescentando que foi este tipo de ordem que levou a uma série de intervenções dos serviços secretos norte-americanos em países da América Latina durante as décadas de 1960 e 1970 — incluindo a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, em 1961.

O New York Times destaca ainda que o diretor da CIA, John Ratcliffe, já tinha afirmado, quando ocupou o cargo, que tornaria a agência “menos avessa ao risco” e “mais disponível para conduzir ações secretas ordenadas pelo Presidente”.

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A nova diretiva enquadra-se na estratégia mais agressiva que Washington tem desenvolvido contra a Venezuela, numa tentativa de destronar o Presidente Nicolás Maduro, em grande parte desenhada pelo secretário de Estado, Marco Rubio. A luta da administração norte-americana contra a liderança Maduro incluiu, nas últimas semanas, uma série de ataques contra navios civis ao largo da Venezuela, acusados de traficarem droga e de pertencerem a uma rede de narcotráfico alegadamente controlada pelo Presidente venezuelano — uma acusação feita pelos Estados Unidos, mas disputada por organizações internacionais.

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Esta quarta-feira, um dia depois de anunciar o mais recente destes ataques, Donald Trump afirmou na Sala Oval da Casa Branca que naquela zona “o mar está muito bem controlado” e que “certamente” estão a ser avaliados ataques em terra.

“Não quero dizer mais nada, mas estamos agora a considerar ataques terrestres“, afirmou o Presidente norte-americano em resposta à questão de um jornalista sobre a extensão das operações militares, que afirma visarem cartéis narcotraficantes.

Notícia atualizada às 23h25 com as declarações de Donald Trump na Casa Branca