O anúncio partiu da secretária-geral da FNAM, Joana Bordalo e Sá, na sequência de uma reunião no Ministério da Saúde. A dirigente sindical observou que os diplomas apresentados pelo Governo podem conduzir ao “fim de várias urgências de ginecologia e obstetrícia”.

“São diplomas que podem ser extremamente prejudiciais para a população, uma vez que pressupõem, em relação à urgência de obstetrícia, encerramento definitivo de urgências. O que vai acontecer é que, ao concentrar urgências, por exemplo em Almada, vão manter as grávidas e os bebés da região da península de Setúbal sem serviços de proximidade”, enunciou Joana Bordalo e Sá.

“Uma vez que nós vimos para esta reunião sem sequer conhecer os diplomas, que não nos foram enviados – isto irá para publicação a partir do dia 1 de novembro -, obviamente não estão a fazer uma negociação séria, mas também não é nada que nos espante, tendo em conta o modus operandi deste Governo de Luís Montenegro ao longo de toda a sua governação”, acentuou.

“E portanto, os médicos irão avançar com a greve, sim, no dia 24 de outubro, na defesa do nosso trabalho, na defesa do SNS”, rematou.
“Contrariando as boas práticas”


Na antecâmara da reunião com a tutela, a FNAM adiantara, em comunicado, ter sido convocada pelo Ministério da Saúde para um encontro de “negociação coletiva no âmbito da carreira médica”. A estrutura sindical advertia logo na segunda-feira que a reunião decorreria “sem envio prévio de ordem de trabalhos ou qualquer proposta de diploma legislativo, contrariando as boas práticas da negociação coletiva e a boa-fé negocial”.

“Este encontro deve marcar o momento em que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, abandona a postura de bloqueio e assume o diálogo sério que permita aos médicos exercer a sua profissão com dignidade, em vez de continuarem a ser empurrados para fora do SNS”, enfatizava então a federação.A FNAM reclama “condições dignas e salários justos”, num contexto em que “o SNS atravessa uma crise sem precedentes”.

“Unidades de saúde encerradas, serviços de urgência sobrelotados”, bebés a nascer em ambulâncias ou na rua são situações denunciadas pela Federação Nacional dos Médicos. “De Chaves ao Algarve, grávidas, crianças e idosos percorrem dezenas de quilómetros para aceder a cuidados médicos essenciais”.

A federação defende, em concreto, a reposição do horário semanal de 35 horas e a recuperação do poder de compra. Reivindica ainda a reintegração do internato na carreira médica, a recuperação de dias de férias perdidos, a melhoria da formação contínua e o fortalecimento das medidas de apoio à parentalidade.

“São medidas, muitas delas sem impacto orçamental, que permitiriam aos médicos conciliar a vida profissional, pessoal e familiar, valorizando a carreira médica e contribuindo para a sustentabilidade do SNS”.

c/ Lusa