Em Portugal estima-se haver apenas dois mil botos a viver de modo selvagem. Sidónio Paes conseguiu filmar três, ao largo da costa portuguesa, perto de Cascais e Lisboa, nesta quarta-feira.

O proprietário e biólogo principal da SeaEO Tours, uma empresa que realiza passeios de barco turísticos e faz observação de golfinhos desde 2018, partilhou, nas redes sociais, um vídeo que mostra três phocoena phocoena (uma toninha-comum ou, como lhes chamam os pescadores, um boto).

“É uma espécie muito esquiva”, explica Sidónio, que os conseguiu captar com recurso a um drone. “Para além disso, segundo um estudo publicado recentemente, é estimado que haja dois mil. Até merece o estatuto de conservação das Nações Unidas”, acrescenta, referindo-se à classificação desta espécie como “vulnerável”.


Este mamífero marinho, que atinge comprimentos de cerca de um metro e meio,​ navega pelas águas costeiras de Portugal continental, distribuindo-se ao longo de toda a costa portuguesa, sempre em profundidades inferiores a 200 metros, em estuários e baías. O biólogo refere que “cerca de 12% dos avistamentos da espécie em Portugal” acontecem na região entre Cascais e o Cabo Espichel.

Na quinta-feira, aquando do avistamento, a embarcação encontrava-se a uma profundidade incomum para a presença do animal — no chamado canhão de Lisboa, um vale submarino em frente à foz do Tejo. “Eles preferem andar mais perto da costa, onde há polvos, lulas, peixes dos quais se alimentam”, explica.

Sidónio Paes explica que há espécies em estados ainda mais preocupantes do que os botos. “Os ‘primos’ deles, uma espécie chamada informalmente de ‘vaquita’, com o nome científico phocoena sinus, esses estima-se que haja dez em todo o mar Báltico, um dos seus últimos habitats.”

Apesar do avistamento, Sidónio sublinha que estes pequenos cetáceos, já habitualmente esquivos em relação aos humanos, estão a sentir o seu habitat ameaçado – tal como os seus “primos” do Báltico. “É a actividade humana, a pesca, a poluição sonora e a poluição das águas” que colocam a sua existência em perigo, sublinha.