Nos últimos anos, a capital britânica tornou-se o epicentro mundial deste tipo de crime. Só em 2024, roubos de telemóveis em Londres somaram mais de 80 mil, um número recorde que expõe falhas na segurança urbana e uma rede criminosa internacional cada vez mais sofisticada.

Um crime em larga escala

A Polícia Metropolitana de Londres realizou várias operações nos últimos meses, incluindo a invasão de lojas de telemóveis usados onde foram apreendidos dispositivos, dinheiro e documentos. O objetivo: desmantelar uma rede global responsável pelo tráfico de milhares de telemóveis roubados.

Os ladrões, frequentemente mascarados e em bicicletas elétricas, tornaram-se especialistas em arrancar dispositivos das mãos de moradores e turistas. Em 2024, foram registados 80 mil roubos, contra 64 mil em 2023.

Segundo a polícia, é um crime “muito lucrativo e de baixo risco”, com ganhos que podem atingir 300 libras por telemóvel.

Vários telemóveis, alguns embrulhados em papel alumínio, foram encontrados no carro após a detenção dos dois cidadãos imigrantes.

A pista que levou à China

O caso ganhou dimensão quando uma mulher rastreou o seu iPhone até um armazém perto do aeroporto de Heathrow. Lá, a polícia encontrou caixas destinadas a Hong Kong, disfarçadas de baterias, com quase mil iPhones roubados.

A investigação revelou uma rede que enviava até 40 mil aparelhos por ano para a China, onde eram vendidos por valores que podiam ultrapassar os 5.000 dólares.

Para evitar rastreamento, muitos eram embrulhados em papel de alumínio, os suspeitos chegaram a comprar 2,4 km deste material num supermercado.

O mercado global e as falhas policiais

A China tornou-se um destino ideal porque muitas operadoras locais não bloqueiam telemóveis incluídos nas listas negras internacionais. Assim, aparelhos roubados no Reino Unido funcionam normalmente naquele país.

A austeridade imposta aos serviços públicos britânicos na década de 2010 agravou a situação: cortes no número de agentes e nos orçamentos tornaram a polícia mais reativa, deixando crimes “menores” sem investigação.

Agente sda polícia fiscalizam uma loja de telefones usados no norte de Londres no mês passado (Andrew Testa/The New York Times)

Bicicletas elétricas e distração das vítimas

As bicicletas elétricas, populares em Londres desde 2018, facilitaram a ação dos criminosos, que as usam como veículos de fuga rápidos e difíceis de rastrear.

Eles sobem passeios e arrancam telemóveis em segundos.

Explicou o sargento Matt Chantry.

As autoridades pedem agora maior vigilância por parte dos cidadãos. Muitos continuam a andar nas ruas com os olhos fixos nos ecrãs, tornando-se alvos fáceis.

É como andar na rua a segurar mil libras e a olhar para elas.

Resumiu o professor Lawrence Sherman, da Universidade de Cambridge.