A Media Capital anunciou a compra de 98,21% da sociedade Newsplex, dona dos jornais Nascer do Sol e I, segundo um comunicado enviado ao mercado esta quinta-feira. A operação tem “efeitos a partir de 1 de agosto de 2025”, indica a dona da TVI e CNN Portugal, na nota divulgada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O preço da aquisição ascende ao valor simbólico de um euro, com a empresa liderada por Mário Ferreira a adiantar que vai assumir “as responsabilidades” da Newsplex “perante a Autoridade Tributária e a Segurança Social”.
A 17 de julho, a Media Capital tinha adiantado que estava a negociar a compra de uma participação maioritária na Newsplex, mas em parceria com uma “sociedade de capital de risco”, que já não consta neste comunicado. O contrato de compra e venda foi realizado pela “Meglo – Media Capital Global, SGPS, S.A. (sociedade detida a 100% pela Media Capital)”.
Media Capital está a negociar compra do Sol e do I
Para assumir a direção-geral das duas publicações, a Media Capital avança ainda que designou Mário Ramires. É um regresso a uma casa que conhece bem. Mário Ramires deixou, em outubro de 2024, a direção dos dois jornais, dos quais era dono desde 2015, ano em que criou a Newsplex e manteve a edição dos jornais até então da Newshold, de Álvaro Sobrinho.
A Newsplex era agora detida pela Alpac Capital, de Pedro Vargas David e Luís Santos, também donos da Euronews, desde o verão de 2022.
Em dezembro de 2020 o semanário Sol alterou o nome para Nascer do Sol. Semanas antes o i tinha passado a Inevitável. Entretanto, já em janeiro de 2023, o i passou a semanário. E, esta semana, foi anunciado que o jornal I ia passar ao formato de revista, que será distribuída com o Nascer do Sol.
Jornal Sol reestruturado sem um euro de dívida vencida ao Estado
Os acionistas da ex-dona do Sol afirmam deixar um jornal reestruturado e sem um euro de dívida vencida ao Estado.
“Ao longo dos últimos três anos tivemos a honra de ser os acionistas e administradores da sociedade dona do Jornal Sol e de ser nossa responsabilidade a sua gestão e a preparação do seu futuro”, lê-se no artigo assinado por José Saldanha Bento, Luís Santos e Pedro Vargas David.
“O bem social que advém da sua existência será sempre imensamente maior que o seu valor ou impacto económico”, acrescentam, dando conta que o projeto mudou de donos. “Deixamos um jornal reestruturado, com o passivo reduzido em mais de 50%. Hoje sem um euro de dívida vencida ao Estado, nem um salário ou subsídio em atraso, sem um fornecedor por pagar“, prosseguem.
Nestes três anos, “o Sol manteve-se fiel aos princípios do nosso arquiteto José António Saraiva, de quem sentimos sempre muita falta, mas confiantes de que, mesmo sem as suas certeiras e acutilantes crónicas, vive em cada página do Sol para sempre”, sublinham.
“Livre, democrático e independente. Português, europeu e atlantista. Responsável e com calores sob a liderança do Mário Ramires e de forma abnegada e com uma dedicação ímpar o trabalho das nossas equipas editoriais e técnicas, temos um orgulho imenso em cada edição do Jornal Sol”, destacam os acionistas e administradores.
“Foram e serão sempre um exemplo do melhor jornalismo que se faz em Portugal”, dizem, apontando o seu “reconhecimento também ao Nuno Tiago Pinto e ao Vítor Rainho por manterem vivo esse mesmo espírito”.
Os administradores e acionistas fazem ainda uma reflexão sobre a pirataria nos media. “Em particular, a si que lê estas palavras num pdf pirata recebido num grupo de Whatsapp ou Telegram, deixe-nos perguntar se não tinha mesmo capacidade de pagar o valor do jornal? Se gosta de ler o Sol ou outros, porque não pagar por isso? Quando vai a um restaurante ou a um hotel, não lhe ocorre deixar de pagar a conta. É um esforço de todos, mas vale a pena, pense nisso”.
Outra reflexão, “para aqueles que em associações, fórums ou roundtables constituem a espinha dorsal da sociedade civil do país, Se não se apoiar a imprensa investindo em publicidade, quem o fará”, questionam.
Por último, “uma terceira reflexão para si, a quem cabe educar a próxima geração, cujos educandos não sabem o que é pegar num jornal ou num livro físico: não se esqueça que o desenvolvimento cognitivo e emocional fica comprometido sem essas ferramentas de aprendizagem e contacto com a realidade envolvente”, advertem, apontando que “é responsabilidade educá-los na leitura – único antídoto para a pandemia dopaminérgica de ecrãs e redes sociais”.
“Quando damos por encerrado o nosso investimento nos media em Portugal e o Sol é recebido no grupo Media Capital, onde vai ter o destaque que merece, queremos-lhe deixar uma palavra a si, o nosso leitor. Aos vários milhares que todas as semanas compram o Sol. A si, que esteve sempre lá, temos uma só palavra: Obrigado”, rematam.