O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses esteve reunido na quinta-feira com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, tendo em vista a discussão das urgências regionais, designadamente na especialidade de ginecologia e obstetrícia. Todavia, a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho, apresentada em julho passado, ficou excluída da agenda.
“Até estávamos à espera de que hoje, sendo uma reunião sobre recursos humanos, a ministra da Saúde dissesse finalmente que iriam ser abertos concursos de admissão nas instituições de saúde do SNS e os concursos de acesso às diferentes categorias da carreira numa perspetiva de valorização dos profissionais e de permitir o seu desenvolvimento profissional. Isso não esteve em cima da mesa”, adiantou Guadalupe Simões, ouvida pela agência Lusa.Além da greve, que teve início às 8h00, o SEP promove uma concentração diante do Ministério da Saúde, em Lisboa.
A tutela, prosseguiu a dirigente sindical, “continua a não dar resposta às necessidades de admissão de enfermeiros e abertura de concursos”. Processos que “permitam que aqueles que já hoje são enfermeiros” tenham acesso “à respetiva categoria, tendo em conta que este ano não houve uma única instituição a abrir concurso para esse efeito”.
“Não há períodos experimentais de dois anos”
Guadalupe Simões afirmou ainda temer que, no que toca a urgências regionais, a reestruturação promovida pelo Ministério de Ana Paula Martins acabe por desembocar no fecho de serviços, em definitivo, de diferentes unidades hospitalares.Para a dirigente do SEP, “qualquer solução que possa ser encontrada para ultrapassar problemas” atuais deve ter caráter temporário.
“Por isso é que avaliamos esta possibilidade apresentada por parte do Ministério da Saúde como o princípio do encerramento de serviços de urgência em alguns hospitais, retirando a possibilidade de as pessoas acederem a esses serviços nas suas áreas de residência, de forma permanente”.
O plano, indicou Guadalupe Simões, vai ser oficializado a breve trecho e passará por dois anos de período experimental.
“Não há períodos experimentais de dois anos. Quando muito poderia ser durante um período temporal mais curto, até haver o reforço dos serviços de urgência de saúde materna e obstétrica nas diferentes instituições do país onde neste momento existe carência”, observou.
Também a Federação Nacional dos Médicos decidiu, na quinta-feira, após reunião com o Ministério da Saúde, avançar com uma greve – esta paralisação terá lugar na próxima sexta-feira.
O anúncio partiu da secretária-geral da FNAM, que apontou igualmente para a possibilidade do “fim de várias urgências de ginecologia e obstetrícia”.
“São diplomas que podem ser extremamente prejudiciais para a população, uma vez que pressupõem, em relação à urgência de obstetrícia, encerramento definitivo de urgências. O que vai acontecer é que, ao concentrar urgências, por exemplo em Almada, vão manter as grávidas e os bebés da região da península de Setúbal sem serviços de proximidade”, salientou Joana Bordalo e Sá.
c/ Lusa