Mais caros e menos poupados. As conclusões da ONG Transport & Environment (T&E) contrariam a avaliação dos consumidores europeus.

A Comissão Europeia (CE) deverá rejeitar os apelos da indústria automóvel para permitir a venda de híbridos plug-in (PHEV) após 2035, no âmbito de uma possível flexibilização das metas de emissões, avança a Automotive News Europe.

Em causa, está um estudo da organização não governamental Transport & Environment (T&E), que alega que os híbridos plug-in estão longe de ser a solução «limpa» que alegam ser. Mesmo em modo elétrico, estas viaturas continuam a consumir combustível e a emitir níveis de dióxido de carbono (CO₂) muito superiores aos declarados nos testes oficiais: 68 g/km, ou 8,5 vezes mais.

Isto deve-se ao facto, de mesmo em modo 100% elétrico os híbridos plug-in continuarem a utilizar o motor de combustão com frequência (com consumos na ordem dos 3l/100 km), devido à pouca potência do motor elétrico.

Conclusões que contrariam a avaliação dos consumidores europeus que, como veremos adiante, estão a escolher cada vez mais viaturas PHEV.

Emissões CO2 híbridos plug-in© T&E Com base em dados da European Environment Agency (EEA) de 2023, a T&E constatou que, no mundo real, os híbridos plug-in emitem em média 135 g/km de dióxido carbono, enquanto os carros a gasolina e Diesel emitem 166 g/km de dióxido de carbono. Uma diferença de apenas 19%.

“Os híbridos plug-in são uma das maiores fraudes da história da indústria automóvel. Emitem quase tanto como os automóveis a gasolina. A neutralidade tecnológica não pode significar ignorar a realidade de que, mesmo após uma década, os híbridos plug-in nunca cumpriram o que prometeram”, disse Lucien Mathieu, diretor de carros na T&E.

Mais autonomia elétrica, mais emissões

Outro problema destacado pelo estudo é a autonomia elétrica. “As emissões dos híbridos plug-in também estão a aumentar devido à tendência crescente de aumentar as autonomias”. Isto, porque, de acordo com a organização, uma maior autonomia requer uma maior bateria, o que por sua vez aumenta o peso do carro, e irrefutavelmente os seus consumos.

“Híbridos plug-in com uma autonomia elétrica acima de 75 km emitem, em média, mais dióxido de carbono, do que aqueles com uma autonomia entre 45 e 75 km”, mostram os dados.

De acordo com os dados da EEA, a Mercedes-Benz é o construtor que tem o maior desvio entre emissões oficiais e reais nos híbridos plug-in. Cerca de 494% mais do que o declarado. O pior exemplo é o GLE, que emite mais 611% de CO₂ do que o valor oficial. Outras marcas europeias também registaram diferenças médias de cerca de 300%.

Mais caros de usar e comprar

Além do impacto ambiental, os híbridos plug-in são também mais caros para o condutor, diz a organização. O consumo real de combustível gera um custo extra de cerca de 500 euros por ano.

Por sua vez, são também mais caros de comprar, o preço médio de um híbrido plug-in na Alemanha, França e Reino Unido em 2025 é de 55 700 euros, cerca de 15 200 euros acima do preço médio de um carro 100% elétrico, segundo a Bloomberg Intelligence.

Apesar disto, os consumidores parecem ter outra opinião e fazem uma avaliação diferente da tecnologia: a compra de híbridos plug-in tem sofrido um «boom» por quase toda a Europa. De janeiro a agosto, a venda de híbridos plug-in na União Europeia (UE) cresceu 27,2% face ao mesmo período no ano passado, para 631 783 unidades, segundo dados da ACEA.

Híbridos plug-in para depois de 2035?

Os construtores automóveis europeus há muito que apelam por uma suavização nas metas de emissões, incluíndo a permissão de venda de híbridos plug-in depois de 2035, altura em que só se poderão vender carros novos 100% elétricos na UE.

Com a norma Euro 6e-bis, a forma de calcular as emissões de híbridos plug-in mudou. A distância do teste passou de 800 km para 2200 km e o “fator de utilização” (Utility Factor), que estima o uso em modo elétrico, passou a ter menor peso. É a tempestade perfeita para esta solução tecnológica.

“Enfraquecer as regras para os híbridos plug-in é como furar o casco da lei europeia de CO₂ dos automóveis. Em vez de orientar o mercado para carros zero emissões acessíveis, os construtores vão inundá-lo com híbridos plug-in caros e poluentes. Isso ameaça a certeza de investimento em elétricos de que o mercado tanto precisa”, concluiu Mathieu.

Sabe esta resposta?
Em que ano é que Renault 20 Turbo venceu o Rali Dakar?