Quatro anos depois de ter conquistado a Câmara de Lisboa, então liderada por Fernando Medina, Carlos Moedas lidera as sondagens para as eleições autárquicas de 12 de Outubro, com 30% das intenções de voto, ligeiramente à frente da candidatura encabeçada por Alexandra Leitão, que reúne 28% ― numa coligação à esquerda que junta também o Livre, o Bloco de Esquerda e o PAN (e da Moedas junta o CDS e a Iniciativa Liberal). Os números são da mais recente sondagem do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e do ISCTE para o jornal Expresso e para a SIC.
Já o Chega surge como terceira força política mais votada, com 11%, e a CDU – que recusou juntar-se à restante esquerda e optou por candidatura própria, liderada por João Ferreira – com 4%.
Já com os indecisos redistribuídos — 12% nesta fase —, Carlos Moedas surge com uma vantagem de cinco pontos percentuais sobre Alexandra Leitão: 41% contra 36%. Seguem-se o Chega, com 14%, e a CDU, com 5%.
Apesar da vantagem aparente do actual presidente da Câmara, a margem de erro do estudo (cerca de 3,5 pontos percentuais) deixa o resultado em aberto. “As diferenças entre os dois valores não atingem significância estatística”, sublinha o relatório citado pelo Expresso, apontando para a possibilidade de Moedas descer até aos 37,5% e de Leitão subir até 39,5%, dentro dos limites do intervalo de confiança.
O trabalho de campo do estudo realizado pelo ICS-ULisboa e pelo ISCTE decorreu entre 14 e 27 de Julho, com 800 entrevistas presenciais e recurso a simulação de voto em urna ― um método considerado mais fiável em contextos locais. Como a coligação entre PS, Livre, Bloco de Esquerda e PAN só viria a ser formalizada a 17 de Julho, a sondagem avaliou dois cenários: a candidatura conjunta da esquerda (sem a CDU) e a possibilidade de cada partido concorrer isoladamente.
Esse exercício permitiu perceber que, sem coligação, o PS obteria apenas 22% das intenções de voto, ficando a oito pontos de distância de Carlos Moedas, que manteria os 30%. O Livre e a CDU surgiriam ambos com 4%, enquanto o Bloco de Esquerda, já com a candidatura de Carolina Serrão anunciada, teria apenas 2%, tal como o PAN.
Ou seja, o estudo evidencia que sem a coligação de esquerda que juntou PS, Bloco, PAN e Livre, Alexandra Leitão dificilmente estaria em posição competitiva.
Ausência da CDU fragiliza
Contas feitas, se a CDU se juntasse à coligação (e assumindo que o somatório das partes não implica exclusões de eleitorados), a reeleição de Carlos Moedas estaria mais ameaçada. Com os 4% da CDU, a candidatura de Leitão poderia atingir 32% das intenções de voto directas, ultrapassando a coligação de direita, que se mantém nos 30%.
O efeito seria ainda mais expressivo na redistribuição dos indecisos: se os votos comunistas se somassem aos da frente de esquerda, o resultado projectado colocaria Moedas e Leitão em empate técnico, com 41% cada.
A mesma sondagem conclui que os inquiridos consideram que a cidade está “pior”, mas Moedas tem avaliação positiva e destaca-se da adversária em todos os parâmetros. Há dois meses e uma campanha pela frente.