Na quinta-feira, o Hamas tinha revelado que a devolução dos corpos dos reféns israelitas pode demorar, uma vez que alguns foram enterrados em túneis destruídos pelas forças israelitas e outros permanecem debaixo dos escombros de edifícios que Israel bombardeou e destruiu.


O processo de devolução dos corpos de prisioneiros israelitas pode demorar algum tempo, uma vez que alguns destes corpos foram enterrados em túneis destruídos pela ocupação, enquanto outros permanecem nos escombros de edifícios que Israel bombardeou e demoliu“, avançou o movimento islamita palestiniano na rede social Telegram.Na quinta-feira, a Turquia anunciou o envio de
especialistas para ajudar na busca de corpos enterrados, “incluindo
reféns”. Cerca de 80 destes socorristas, experientes em terrenos
difíceis, incluindo sismos, já estão no local, segundo as autoridades
turcas.


A recuperação dos restantes corpos exige equipamento para remover os escombros, que estavam indisponíveis devido à proibição de entrada de tais ferramentas por Israel, acrescentou o Hamas.

Donald Trump reconhece que a retirada dos corpos dos escombros é complicada e pediu paciência. “É um processo horrível (…) mas estão a escavar, estão realmente a escavar” e a “encontrar muitos corpos”, disse quando questionado pelos jornalistas sobre o assunto.

Israel acusa o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor a 10 de outubro, que previa a devolução de todos os reféns, vivos e mortos, até segunda-feira de manhã.

No âmbito do acordo de cessar-fogo, o Hamas libertou os últimos 20 reféns vivos mantidos na Faixa de Gaza a tempo, mas libertou apenas dez dos 28 corpos que mantém encurralados desde segunda-feira. Telavive afirma que um dos cadáveres não era de um refém.

Em troca da devolução dos restos mortais dos reféns, Israel entregou um total de 120 corpos palestinianos, incluindo 30 na quinta-feira em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reiterou na quinta-feira a sua determinação em devolver “todos os reféns” durante a comemoração oficial do segundo aniversário do ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, a 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra que matou dezenas de milhares de pessoas em Gaza.

O primeiro-ministro israelita está a ser pressionado pelas famílias dos reféns, que lhe pediram que “cesse imediatamente a implementação de quaisquer outras medidas do acordo” iniciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, até que todos os corpos sejam devolvidosPassagem de Rafah pode reabrir no domingo

O acesso a Gaza — todo ele controlado por Israel — continua a ser muito restrito. Após o cessar-fogo e a libertação dos reféns, Israel deverá abrir a crucial passagem de Rafah, entre o Egito e o território palestiniano, à ajuda humanitária.

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Sa’ar, anunciou na quinta-feira que a passagem “provavelmente abrirá no domingo”.No final de agosto, a ONU, que exige a abertura
imediata de todas as passagens, declarou o estado de fome em várias
zonas de Gaza, situação que Israel nega.

Em comunicado divulgado na quinta-feira, a agência israelita de ajuda militar, COGAT, afirmou que a coordenação com o Egito estava em curso para definir uma data para a reabertura da passagem de Rafah para a circulação de pessoas após a conclusão dos preparativos necessários.



O COGAT afirmou que a passagem de Rafah não seria aberta a ajuda, uma vez que tal não estava estipulado pelo acordo de tréguas em qualquer momento.
Em vez disso, todos os bens humanitários com destino a Gaza passariam por Kerem Shalom, controlado por Israel, depois de passarem por inspeções de segurança.


Com a fome presente em partes de Gaza, o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, disse à Reuters, numa entrevista na quarta-feira, que milhares de veículos de ajuda humanitária teriam agora de entrar em Gaza semanalmente para aliviar a crise.
Camiões de ajuda humanitária chegaram a Gaza na
quarta-feira, mas os cuidados médicos continuam a ser escassos e a maior
parte da população de 2,2 milhões está sem casa.


Ismail Al-Thawabta, chefe do escritório da Gazamedia, gerido pelo Hamas, disse que a ajuda recebida desde o fim dos combates foi uma “gota no oceano“.

Grande parte do enclave densamente urbanizado foi devastada pelos bombardeamentos e ataques aéreos israelitas que mataram quase 68 mil palestinianos, segundo as autoridades de saúde de GazaDesarmamento do Hamas
Israel afirmou que a próxima fase do plano de 20 pontos para pôr fim à guerra, um projeto engendrado pela Administração Trump, exige que o Hamas renuncie às suas armas e ceda o poder, o que até agora se recusou a fazer.

O Hamas lançou, em vez disso, uma repressão de segurança nas áreas urbanas desocupadas pelas forças israelitas, demonstrando o seu poder através de execuções públicas e confrontos com clãs armados locais.

Trump repetiu as suas ameaças contra o grupo miliciano, dizendo numa publicação: “Se o Hamas continuar a matar pessoas em Gaza, o que não era o acordo, não teremos outra escolha senão entrar e matá-los“.

Questionado sobre as suas recentes ameaças ao Hamas, Trump disse aos jornalistas num evento no Salão Oval: “Se se comportarem, ótimo. Se não se comportarem, nós trataremos disso”.

O presidente norte-americano esclareceu ainda que a ação não envolveria forças americanas, mas seria realizada sob os auspícios dos EUA.Israel prossegue com os bombeamentos
Na quinta-feira, um alto funcionário do Hamas acusou Israel de violar o cessar-fogo, matando pelo menos 24 pessoas em tiroteios desde sexta-feira, e disse que uma lista dessas violações foi entregue aos mediadores.

“O Estado ocupante está a trabalhar dia e noite para minar o acordo através das suas violações no terreno”, disse.

O exército israelita não respondeu imediatamente à alegação de violação do cessar-fogo. Antes, tinha afirmado que alguns palestinianos ignoraram os avisos para não se aproximarem das posições israelitas de cessar-fogo e que as tropas “abriram fogo para remover a ameaça”.

Depois de as autoridades de saúde locais terem dito que um ataque aéreo israelita em Khan Younis, no sul de Gaza, matou duas pessoas, o exército israelita disse que as suas forças dispararam contra vários indivíduos que emergiram de um túnel e se aproximaram das tropas, descrevendo-os como uma ameaça imediata.



As autoridades locais de saúde palestinianas informaram que pelo menos sete pessoas foram mortas por disparos israelitas na Faixa de Gaza na quinta-feira.


Os residentes de Gaza relataram ter visto drones e aviões de guerra a sobrevoar o sul da Faixa de Gaza, com disparos esporádicos ouvidos de vez em quando.


c/ agências