A CDU (7) teve mais seis votos do que o Chega (1), entre os 60 votos para a eleição da Câmara de Lisboa que tinham ficado por contar na noite eleitoral, segundo apurou o Observador junto de fonte próxima do processo.

Os votos da freguesia de São Domingos de Benfica foram contados esta manhã na assembleia de apuramento geral de Lisboa, que deverá estar concluída esta sexta-feira. Entre os boletins de voto para a eleição do presidente da Câmara, a coligação Viver Lisboa (PS/BE/Livre/PAN) teve 30 votos, seguida da coligação Por ti, Lisboa (PSD/IL/CDS) com 21. A CDU teve sete e o Chega e o Volt tiveram apenas um voto.

Estes seis votos de vantagem em relação ao Chega podem ser essenciais para os comunistas eventualmente garantirem a reeleição do segundo vereador na Câmara de Lisboa, virando o desfecho de domingo passado. Na noite eleitoral, a candidatura de João Ferreira ficou apenas 11 votos atrás da de Bruno Mascarenhas, que garantiu assim dois vereadores municipais em Lisboa para o partido de André Ventura. Tendo apenas em conta estes votos que tinham ficado por contar, a diferença entre Chega e CDU é reduzida para cinco votos.

Contudo, na assembleia de apuramento geral os resultados poderão ter sofrido mais oscilações. Durante este apuramento, é feita uma análise de todos os votos nulos e protestos relativos ao processo eleitoral, podendo ser apresentados (e aceites) protestos por parte das candidaturas que alterem a votação de domingo. Segundo apurou o Observador, esta sexta-feira deverão ser conhecidos os resultados finais deste apuramento.

Bruno Mascarenhas, candidato do Chega à presidência da Câmara de Lisboa e vereador eleito, acusou a CDU de “tentar vencer na secretaria” e de ter levado pessoas para a assembleia de apuramento geral “para pressionar e tentar obter uma vantagem que possa alterar aquilo que foi o voto popular”. Paulo Raimundo respondeu às declarações, acusando-as de serem feitas “para criar instabilidade”. O Secretário-geral do PCP disse ainda que o partido decidirá se pede uma recontagem total dos votos quando acabar a assembleia de apuramento geral.

A Comissão Nacional de Eleições explicou ao Observador na terça-feira a razão para não terem sido contados 60 votos nesta freguesia lisboeta. Nos boletins de voto de eleitores que votaram antecipadamente foi detetada a ausência do quadrado de voto da candidatura do Chega à Assembleia de Freguesia de São Domingos de Benfica.

A CNE afirmou que foi dada indicação para remeter os envelopes com os votos para a Assembleia de apuramento geral afim de serem aí verificados, processo que começou na terça-feira. Ainda que o problema tenha ocorrido apenas nos boletins de voto para eleição da freguesia, os boletins da eleição dos três órgãos (Câmara, Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia) foram pela primeira vez contados durante o apuramento geral.

A CDU admitiu, num comunicado enviado às redações na terça-feira, que no final da assembleia de apuramento geral “pode haver alteração de resultados”. Depois de estes resultados serem conhecidos esta sexta-feira, o contencioso eleitoral poderá continuar, mas desta vez o órgão decisor será o Tribunal Constitucional.

Nesta altura, poderão ser apresentados pedidos de recontagem de todos os votos, que, para serem aceites, devem ser alegar a existência de alguma irregularidade no processo eleitoral. Nesse sentido, a CDU assinalou no mesmo comunicado que “tem de haver algum fundamento” para pedir a recontagem dos votos em Lisboa e que a “proximidade dos resultados, por si só, não é suficiente”. Ainda assim, abriu a porta a fazer esse pedido.

60 votos ficaram por contar em São Domingos de Benfica. CDU admite recontagem, mas pode nem precisar dela