Nunca se venderam tantos elétricos, mas o negócio dos motores de combustão da Horse está em forte crescimento. Entenda as razões.
As vendas de veículos elétricos atingiram um novo recorde global em setembro — mais de dois milhões de unidades —, mas o ritmo de crescimento está longe de permitir o abandono imediato do motor de combustão. O sucesso crescente da Horse — joint-venture entre Renault, Geely e Saudi-Aramco para desenvolver e produzir motores de combustão e sistemas híbridos — é a prova disso mesmo.
Quando nasceu, em 2022, a Horse parecia condenada a um papel residual, num mundo que se preparava para abandonar rapidamente os motores a gasolina e gasóleo.
Hoje, o cenário é outro: o crescimento dos elétricos está a ser muito mais lento que o esperado — especialmente na Europa e América do Norte —, fazendo com que a procura global por motores de combustão tenha voltado a subir e a Horse está a tirar partido disso.

Crescimento em contraciclo
A empresa — tem 17 fábricas de motores e transmissões espalhadas pela Europa, China e América Latina — prevê aumentar o volume de negócios em 80% até 2029, atingindo os 15 mil milhões de euros anuais.
A explicação? Muitos construtores, pressionados pelos custos da eletrificação e pela procura irregular de elétricos, preferem externalizar o desenvolvimento e produção de motores híbridos e térmicos.
A Renault, por exemplo, estima poupar dois mil milhões de euros em investigação e desenvolvimento até 2030 ao delegar para a sua joint venture o desenvolvimento de motores térmicos. A Geely, por outro lado, deverá reforçar a sua posição global, combinando escala industrial chinesa com o know-how europeu.
A empresa já fornece motores e transmissões a mais de 15 marcas, produzindo mais de oito milhões de unidades por ano. É o terceiro maior construtor global de motores de combustão. E tem em vista aproximadamente 100 projetos que abrangem todos os seus produtos e mercados, que vão além dos automóveis: também inclui barcos, equipamentos de construção e drones.
“A Horse existe para ajudar as marcas que não conseguem fazer tudo ao mesmo tempo”, explicou o diretor-executivo Matias Giannini à Reuters.
Combustão é sol de pouca dura?
Mas este sucesso não convence todos. Para alguns analistas, o crescimento da Horse na produção de motores de combustão interna é apenas um interlúdio antes do declínio definitivo.
“Investir agora em motores térmicos é como a Kodak apostar no filme analógico na era digital”, comparou Ginny Buckley, diretor-executivo da Electrifying.com. Outros alertam que, quando a transição para os elétricos atingir o ponto de viragem, a mudança será rápida e devastadora para empresas demasiado dependentes dos motores térmicos.
Por agora, a Horse parece estar no campo que garante a maior rentabilidade. O diretor-executivo da Horse estima que 50% dos carros novos vendidos em 2040 venham a ser elétricos. Há previsões mais otimistas, mas mesmo tendo-as em consideração, vão continuar a ser precisos dezenas de milhões de motores de combustão para veículos híbridos.
Como resumiu Pierre Loret, analista da S&P Global: “O motor de combustão não morreu — está apenas a reinventar-se.”
Sabe esta resposta?
Como se chama o modelo da Geely que é bastante semelhante com o FIAT Panda?
Geometry Panda
FIAT Panda
Geely Panda