O secretário britânico da Habitação, Steve Reed, decidiu adiar novamente a decisão final sobre a proposta de construção de uma “mega-embaixada” em Londres de 21 de outubro para 10 de dezembro. O ministério chinês dos Negócios Estrangeiros criticou os novos atrasos do Reino Unido que demonstram “desrespeito pelo espírito contratual, má-fé e falta de integridade”. 


Lin Jian, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, disse numa conferência de imprensa em Pequim que a China tem agido com “a máxima sinceridade e paciência” e que Londres deveria “cumprir imediatamente as suas obrigações e honrar os seus compromissos”. “Caso contrário, o lado britânico arcará com todas as consequências”, alertou.

O porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse não
“reconhecer quaisquer alegações de compromissos ou garantias”, em
declarações feitas aos à imprensa esta sexta-feira. “Não posso explicar a declaração que eles fizeram, não poderia falar em nome da embaixada chinesa”, disse o porta-voz.


“Proteger a segurança nacional é o nosso primeiro dever”


Segundo Downing Street, o novo adiamento da decisão não foi motivado por preocupações políticas, mas sim pela complexidade do pedido. “Proteger a segurança nacional do Reino Unido é o nosso primeiro dever”, sublinhou. 

Numa carta enviada à diplomacia chinesa, a que a BBC teve acesso, o ministério britânico da Habitação explica que “era necessário mais tempo para a análise completa” devido à “natureza detalhada” das respostas recebidas até ao momento, e que a decisão foi adiada devido
a atrasos na receção de respostas dos ministérios do Interior e dos
Negócios Estrangeiros.


Governo de Starmer acusado de minimizar ameaça chinesa


A decisão acontece no meio de uma polémica relacionada com dois cidadãos
britânicos, Christopher Cash e Christopher Berry, acusados de
espionagem a favor da China entre 2021 e 2023.  




No entanto, o processo contra os dois acusados caiu no mês passado, depois dos procuradores terem retirado inesperadamente as acusações, o que levou o Governo a ser acusado de minimizar a ameaça que a China representa para a segurança nacional britânica e querer preservar a todo o custo as relações diplomáticas com Pequim. 


Desde que chegou ao nº10 de Downing Street Keir Starmer tornou a melhoria das relações com a China uma prioridade fundamental, apesar das alegações de que a China está por detrás de espionagem e de ataques cibernéticos no Reino Unido. O objetivo é atrair investimento chinês para ajudar a construir grandes projetos de infraestruturas no país. 


Xi Jinping pediu a Keir Starmer que interviesse

Os planos de Pequim para construir uma nova “mega-embaixada” em Royal Mint Court, perto da Torre de Londres, estão paralisados há três anos devido à oposição de residentes locais, legisladores, ativistas e da oposição. Segundo o Guardian, a principal preocupação é que a embaixada possa ser usada para fins de espionagem.

Com 20 mil metros quatrados, o complexo seria a maior embaixada da Europa. 


A China comprou o terreno em 2018, por 255 milhões de libras cerca de 292 milhões de euros, mas o pedido de construção foi rejeitado em 2022. O presidente chinês, Xi Jinping, pediu a Keir Starmer
que desbloqueasse o assunto, e desde então o Governo britânico assumiu o controlo da
decisão.