Agosto marca a chegada de uma série de lançamentos literários relevantes para quem planeja as leituras do segundo semestre. Entre reedições aguardadas, romances de formação, ensaios políticos e estreias potentes, a seleção de livros contempla autores brasileiros e internacionais que exploram temas como amadurecimento, violência, identidade, justiça e memória.
O mês também traz de volta Paulo Leminski, autor homenageado na Flip 2025, com a nova edição de Gozo fabuloso, que destaca seu trabalho como contista e cronista, para além da poesia que o consagrou. Abaixo, reunimos os principais títulos que chegam às livrarias ao longo do mês.
Gozo fabuloso, de Paulo Leminski
(Todavia, 2025)
Gozo fabuloso revela o talento de Paulo Leminski, autor que foi homenageado pela Flip neste ano, para a ficção, além da poesia pela qual é mais conhecido. Organizado pelo próprio autor, o livro reúne contos, crônicas e textos diversos que transitam entre o erudito, o popular, o cômico e o lírico. Publicada postumamente em 2004, a obra é uma celebração da inventividade e do jogo de linguagem, com narrativas que misturam humor, mistério e poesia em múltiplas camadas.
– (Todavia/divulgação)
O tempo da infância, Françoise Ega
(Todavia, 2025)
Em O tempo da infância, Françoise Ega oferece um romance de formação marcado por uma perspectiva infantil e sensível. Ambientado na Martinica rural dos anos 1920, o livro retrata a vida simples e dura de uma menina humilde em Morne-Rouge, revelando as alegrias e dificuldades de sua comunidade. A narrativa ganha força ao abordar, de forma antirracista e feminista, as experiências de ser mulher negra, pobre e descendente de escravizados sob o domínio colonial francês.
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– (Todavia/divulgação)
Os urubus não esquecem, Pedro Cesarino
(Todavia, 2025)
Em meio às queimadas que consomem a Amazônia, Maya descobre os restos de sete jovens indígenas no lixão, mas seu filho desaparecido não está entre eles. Determinada, ela parte em busca de respostas, guiada por parentes que a conduzem por mundos além do visível. Este romance sensível e urgente retrata a devastação causada pelo desmatamento, narcotráfico e a cumplicidade política, contrapondo a dureza do presente com laços afetivos e poéticos que resistem na floresta.
– (Todavia/divulgação)
Caminho para o grito, de Jarid Arraes
(Companhia das Letras, 2025)
Em três partes que atravessam a infância, a juventude e a maturidade, a autora transforma o trauma do abuso sexual em poesia, enfrentando temas como pedofilia, violência de gênero e machismo estrutural. Com coragem e lirismo, o livro percorre o difícil processo de romper o silêncio e reivindicar o próprio corpo e a própria voz. Mais do que denúncia, é um ato de libertação e reconstrução.
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– (Companhia das Letras/divulgação)
Nossa Senhora das Flores, Jean Genet
(Todavia, 2025)
Escrito durante uma das estadias de Jean Genet nas prisões francesas, este livro nasce de suas memórias e obsessões íntimas. Combinando autobiografia, lirismo e uma pulsão erótica subversiva, a obra não apenas retrata, mas cria um universo próprio. O narrador transita entre reflexões sobre arte e explosões de vitalidade, conferindo ao romance uma atualidade que ressoa com autores contemporâneos como Édouard Louis, Paul B. Preciado e Annie Ernaux.
– (Todavia/divulgação)
Conspiração de nuvens, de Lygia Fagundes Telles
(Companhia das Letras, 2025)
Último livro escrito por Lygia Fagundes Telles antes de sua morte, em 2022, Conspiração de nuvens reúne contos, crônicas e memórias marcadas pela perda, pela poesia e pelo afeto. Publicado originalmente em 2007, após a morte de seu filho Goffredo, o livro mescla relatos autobiográficos e reflexões sobre literatura, política e família, revelando uma autora em estado de delicadeza e resistência. Dedicada às netas Lucia e Margarida, esta edição definitiva conta com textos de jornalistas e um posfácio comovente de Lucia Telles, que reconhece na escrita o impulso vital de Lygia para seguir adiante.
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– (Companhia das Letras/divulgação)
As meninas do laranjal, de Gabriela Cabezón Cámara
(Companhia das Letras, 2025)
Em As meninas do laranjal, Gabriela Cabezón Cámara reimagina a trajetória da Monja Alferes, figura histórica do século XVII, para criar uma narrativa poderosa sobre identidade, colonialismo e transformação. Antonio, personagem inspirado em Catalina de Erauso, abandona os ideais da Coroa espanhola ao decidir libertar duas crianças indígenas e protegê-las na floresta. Em cartas escritas à tia, ele revisita seu passado enquanto enfrenta questionamentos provocadores das meninas. Com lirismo e inventividade, a autora oferece uma reflexão profunda sobre gênero, memória e justiça, consolidando sua voz como uma das mais originais da literatura latino-americana.
– (Companhia das Letras/divulgação)
Abolição, de Angela Y. Davis
(Companhia das Letras, 2025)
A pesquisadora reúne ensaios essenciais que revisitam cinco décadas de luta antirracista e feminista, lançando um olhar crítico sobre o sistema prisional. A obra propõe uma análise profunda das origens e consequências do encarceramento em massa, revelando suas conexões com a escravidão, o capitalismo e a desigualdade estrutural. Com lucidez e urgência, Davis apresenta a história do abolicionismo penal e destaca o protagonismo das mulheres na construção de alternativas reais para um futuro sem prisões.
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– (Companhia das Letras/divulgação)
Memória do chão, de Marcelo Labes
(Companhia das Letras, 2025)
Marcelo Labes recria, em tom autoficcional, os anos de formação de um jovem catarinense em um colégio interno no Sul do Brasil. Rafael, filho de uma família humilde, sonha em ser pastor luterano, mas vê seus planos desmoronarem ao ingressar numa escola onde o curso teológico foi encerrado. O que parecia um erro de percurso se transforma numa jornada de descobertas: amizades intensas, paixões, transgressões e as dores da adolescência. Alternando passado e presente, o romance traça uma narrativa sensível sobre amadurecimento, pertencimento e o difícil ajuste de contas com a própria história. Vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura.
– (Companhia das Letras/divulgação)
O Projeto, de David A. Graham
(Zahar, 2025)
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David A. Graham, investiga os bastidores da extrema direita norte-americana e revela como o chamado Projeto 2025 — um extenso plano de quase mil páginas — pretende consolidar uma presidência autoritária nos EUA. Com posfácio inédito do autor para a edição brasileira, o livro expõe as estratégias, os idealizadores e os riscos reais de uma ofensiva contra as instituições democráticas.
– (Zahar/divulgação)
Pensar Fanon, vários autores
(Ubu, 2025)
Frantz Fanon, cem anos depois, ainda pulsa. Esta coletânea reúne onze ensaios inéditos em português que revisitam e reinventam o pensamento do autor de Pele negra, máscaras brancas. Com vozes como bell hooks, Achille Mbembe, Sylvia Wynter e Deivison Faustino, o livro apresenta um Fanon múltiplo e reafirma sua relevância para pensar as feridas do colonialismo e os caminhos para novas formas de existência.
– (Ubu/divulgação)
Mangá | A prisão no céu, de Mina Sakurai e Marco Kohinata
(JBC, 2025)
Em um salão de beleza instalado em uma penitenciária feminina, Haru Komatsubara encontra um caminho de redenção ao se tornar cabeleireira. Sob um céu azul pintado nas paredes, ela acolhe clientes comuns, oferecendo não apenas cortes de cabelo, mas momentos de paz e escuta. Por que essas mulheres escolhem esse lugar para se transformar? E o que move Haru a seguir nesse ofício? Esta delicada narrativa em volume único revela encontros silenciosos e curativos entre mundos separados por grades, mas unidos pela busca por recomeços.
– (JBC/divulgação)
A convidada, de Emma Cline
(Intrínseca, 2025)
A autora constrói uma protagonista inquieta e ambígua, que oscila entre liberdade e abandono. Expulsa do apartamento onde morava, Alex aceita se hospedar na casa de praia de Simon, um homem mais velho com quem mal iniciou um relacionamento. Após ser dispensada repentinamente, ela decide permanecer em Long Island, flutuando entre casas alheias e pequenas farsas, guiada por desejos confusos e decisões impulsivas. Nesta narrativa envolvente, o romance investiga a solidão feminina, os limites da adaptação e o preço de existir à margem.
– (Intrínseca/divulgação)
No meio da noite, de Riley Sager (Intrínseca, 2025)
Trinta anos após o desaparecimento de seu melhor amigo, Ethan Marsh retorna à casa onde tudo aconteceu, determinado a desvendar o mistério que marcou sua infância. Em uma noite de verão de 1994, Billy Barringer sumiu sem deixar rastros enquanto acampava no quintal da casa de Ethan, em uma rua tranquila de Nova Jersey. Agora adulto, atormentado por pesadelos e sinais inquietantes que surgem na calada da noite — luzes acesas, objetos fora do lugar, presenças inexplicáveis —, Ethan mergulha em uma investigação obsessiva. Neste thriller psicológico, o passado retorna de forma perturbadora, revelando que mesmo os lugares mais pacatos escondem segredos sombrios.
– (Intrínseca/divulgação)
Infanto-juvenil | A torre de água, de Lote Vilma (Baião, 2025)
Este diário íntimo e vibrante retrata com sensibilidade a complexidade da adolescência e o universo interior de cada um. A protagonista encontra refúgio em sua “torre de água”, um espaço feito de lembranças, pensamentos e sonhos, onde tenta escapar do tédio da rotina e da incompreensão dos adultos. Com linguagem delicada, o livro explora a solidão, os desafios do crescimento e a busca por pertencimento em meio a um mundo que ainda a vê apenas como uma criança.
– (Baião/divulgação)
Os pêssegos e outros contos, de Dylan Thomas (Cadernos Poente, 2025)
Esta coletânea de quatro contos revela a genialidade de Dylan Thomas, um dos maiores escritores do século XX. Três histórias autobiográficas misturam lirismo e humor ao retratar a infância, a juventude e o começo da vida adulta. O conto final, “Escola para bruxas”, destaca seu talento para o imaginário surreal, evidenciando a flexibilidade e o poder da prosa do autor galês.
– (Cadernos Poente/divulgação)
Um capítulo sobre sonhos e outros ensaios, de Robert Louis Stevenson (WMF Martins Fontes, 2025)
No prefácio, Joca Reiners Terron destaca a magia única da leitura compartilhada, assim como Robert Louis Stevenson revela seu amor pelas palavras e a busca pela frase perfeita neste volume de ensaios literários. Mais que um prosador de estilo refinado, Stevenson se mostra um pensador perspicaz, que combina humor, ironia e reflexão em textos que vão do confessional ao filosófico. Entre histórias como “Meu primeiro livro: A Ilha do Tesouro” e “A filosofia dos guarda-chuvas”, seus escritos expressam um humanismo sincero que une ética e estética em prol da transformação humana, evidenciando o poder da grande literatura.
– (WMF Martins Fontes/divulgação)
Heliogábalo, de Jean Genet (Ercolano, 2025)
Recém-descoberta em uma biblioteca dos Estados Unidos, Heliogábalo, peça inédita de Jean Genet, chega pela primeira vez ao Brasil em tradução de Régis Mikail e Renato Forin Jr. Escrita durante sua prisão em 1942 — período fértil em que também começou Nossa Senhora das Flores —, a obra traz à cena o jovem imperador romano Heliogábalo, figura que transita entre o masculino e o feminino, a fé e a subversão. Em conflito com sua família, que trama sua morte, o imperador se entrega a paixões místicas e devaneios políticos, transformando o palácio em palco de confrontos entre poder, performance e identidade.
Heliogábalo – Editora Ercolano (Editora Ercolano/divulgação)
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