Política

O ex-deputado do Chega assina num texto de opinião onde expõe em sete pontos a “personalidade tóxica” de André Ventura.

Mithá Ribeiro explica porque saiu do Chega e usa 29 vezes a palavra "narcísico" para descrever Ventura

Gabriel Mithá Ribeiro confirma que saiu da Assembleia da República depois de ter ficado fora do governo-sombra escolhido por André Ventura, que descreve como um “predador narcísico” que “abusa de poder”.

Num artigo de opinião publicado no Observador esta sexta-feira, o ex-deputado do Chega usa a palavra “narcísico” 29 vezes para apontar os “7 pecados mortais” de Ventura: “Desprezo [pelo ideal reformista]”, “Inconsciência [moral]”, “Negligência [cívica]”, “Frieza [desumana de líder de ignorantes]”, “Soberba [de violador do exercício de função soberana]”, “Irresponsabilidade [de brincar ao governo sombra]” e “Imaturidade [de políticos destruidores de povos]”.

“Desvinculei-me do Chega, pois não toleraria a mim mesmo arrastar-me numa das mais escandalosas práticas de parasitismo social e subsidiodependência, a condição de deputado-joguete nas mãos de um líder narcísico incompatível com qualquer forma de sujeito coletivo, que tratou de destruir os fundamentos de uma instituição sólida que lhe servisse de filtro existencial”, escreve.

Mithá Ribeiro acusa ainda Ventura de não conseguir “conter o demónio vingativo contra quem o critique” e preferir “prejudicar uma sociedade inteira a correr o risco de expor o seu ego ao desconhecimento de determinada matéria”.

O moçambicano, professor e investigador doutorado em Estudos Africanos, conta que foi impedido de falar sobre Racismo na Assembleia da República: “André Ventura impediu-me de falar sobre o assunto no Parlamento e, até hoje, o tema foi banido do radar político e cívico do Chega na mais cobarde irresponsabilidade social, cívica, civilizacional”, revela, acrescentando que “um outro militante recomendou não falar do assunto por causa do risco de ser uma nova Joacine”.

O líder do Chega, acrescenta “não compreende a essência ideológica do seu próprio partido político”, que está “cada vez mais disfuncional no sentido patológico do termo”.

“A sua personalidade tóxica envenena o que ele mesmo semeou numa direita que não mais se pode permitir a si mesma ser infantil, primária, imoral, irracional, irresponsável, submissa a um dono”, condena, comparando Ventura a José Sócrates:

“A sua impossibilidade de olhar o meio envolvente sem o filtro narcísico move-o numa cruzada insana contra o sujeito coletivo. Tal pulsão existencial alimenta no núcleo duro do seu poder interdependências pessoais deprimentes, moralmente dissolventes e socialmente danosas no caso de ser governo. O país provou do mesmo veneno com o Partido Socialista de José Sócrates.”