Depois de reunirem este sábado o conselho nacional, os bombeiros decidiram esperar até à realização do congresso da Liga, marcado para os dias 15 e 16 de novembro, antes de escolher marcar novas formas de protesto.




Se até ao dia 15 e 16 o congresso não receber um sinal claro de que há uma vontade de se alterar tudo isto, ou seja, que nós não tínhamos capacidade para fazer reuniões com resultados inequívocos e claros, o congresso pode, em moção, determinar um conjunto de ações significativas para que a população possa ter consciência da insuficiência que os seus bombeiros vão tendo, que pode culminar com a paragem dos corpos de bombeiros durante um período de tempo“, avisou o presidente António Nunes em declarações à Antena 1.

Questionado sobre o sentimento vivido entre os presentes na reunião, o presidente responde que o “sentimento é de paragem” e clarifica que “a paragem é uma paragem total”, embora refira que não falharão no socorro a certas situações graves.

Mesmo assim, sublinha: “Não conseguimos parar a insatisfação do bombeiro”. 

O Orçamento de Estado para 2026 prevê 37 milhões de euros para o financiamento das corporações de bombeiros voluntários, mais 2,2 milhões de euros do que este ano. Este aumento é considerado insuficiente pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), que pretendia chegar aos 49,38 milhões de euros.

“O valor de mais de 2 milhões de euros é manifestamente insuficiente para satisfazer aquilo que são as necessidades das associações humanitárias”, considera António Nunes.

Além desta questão, António Nunes fala de um descontentamento generalizado por não haver uma carreira e um índice remuneratório no setor, criticando cortes no transporte de doentes e defendendo a criação de um estatuto para os bombeiros das associações humanitárias.

Antes da reunião do conselho nacional, o presidente da LBP já tinha avisado, em declarações à Lusa, que há conselheiros “com mais agressividade” e que defendiam protestos já e “outros mais conservadores (…) que querem dar mais algum tempo ao Governo”.

Fica assim adiada durante cerca de um mês a hipótese de a LBP endurecer protestos, uma decisão que caberá ao congresso da Liga, que acontece de quatro em quatro anos. O encontro vai decorrer em Alcobaça, nos dias 15 e 16 de novembro.