Foram retiradas as menções às destituições (impeachments) de Donald Trump, numa exposição do Museu Nacional de História norte-americana, do Instituto Smithsonian, precisamente focada nos presidentes que passaram por esse processo, avança a Reuters.
Desde Setembro de 2021 que, no museu em Washington D.C. se encontrava uma nota temporária a dar conta do processo de destituição de Trump, conta um porta-voz do Smithsonian ao The Washington Post. Agora, no mesmo sítio, lê-se: “Apenas três presidentes enfrentaram impeachment.”
Apesar de não ser claro a quem é que a nota se refere, essa parte da exposição conta os casos de Andrew Johnson (1868), Bill Clinton (1998) e Richard Nixon (1974). Este último, apesar de ter enfrentado um processo de destituição, demitiu-se antes da sua conclusão.
Donald Trump, por sua vez, foi alvo de dois impeachments distintos, um em 2019 e outro em 2021. O actual 47.º Presidente dos EUA foi o único, na História do país, a ter sido destituído duas vezes. No primeiro, foi acusado de abuso de poder e obstrução ao Congresso pelas tentativas de reter ajuda militar destinada à Ucrânia e pela insistência numa investigação sobre Biden. Em 2021, foi acusado de incitação à revolta, o que motivou o segundo.
O porta-voz do museu, questionado sobre a decisão de retirar a referência ao actual Presidente, explicou ao jornal norte-americano que apenas se tinham limitado “a regressar à disposição que a exposição tinha em 2008”. A exposição The American Presidency: A Glorious Burden tem uma secção dedicada aos limites do poder presidencial. É nessa secção que são documentados casos do Congresso, do Supremo Tribunal, opinião pública e de impeachment, como instrumentos usados para regular o líder da maior potência do mundo.
“Ao analisar o conteúdo das nossas exposições, reparámos que a secção dos limites do poder presidencial precisava de uma revisão. Como os outros tópicos dessa secção (Congresso, Supremo e opinião pública) não eram actualizados desde 2008, decidimos remeter a secção das destituições à sua aparência de 2008”, explicou o porta-voz supramencionado.
O Instituto Smithsonian esclareceu, entretanto, que “no futuro, uma mostra actualizada vai incluir todas as destituições”.
Esta decisão de reflectir sobre os conteúdos expostos surge após pressão da Casa Branca. Desde que Trump regressou ao cargo, em Janeiro, o líder político assumiu a missão de exercer influência sobre instituições culturais. Em Março, assinou uma ordem executiva para exigir a eliminação de “ideologia imprópria, divisiva ou antiamericana” do Smithsonian.
Apesar de o Instituto Smithsonian ser autónomo nas suas funções, o orçamento do Museu Nacional é definido pelo Congresso dos EUA.
A exposição The American Presidency: A Glorious Burden abriu portas em 2000, com curadoria de Spencer Crew. No segmento dedicado às destituições, estavam disponíveis fotografias dos procuradores do caso de Andrew Johnson, cópias dos relatórios de investigação de Bill Clinton e até uma gaveta com sinais de arrombamento relacionada com o escândalo de Watergate, que impulsionou o processo de Nixon.