“Morena” foi o nome escolhido para esta casa próxima da Praia da Morena, na Costa da Caparica. “É uma tradição nossa dar às casas os nomes das praias que as acolhem, como forma de enraizar cada projecto no seu território”, admite Gonçalo Marrote, director-executivo do atelier Madeiguincho.

O espaço, apesar de pensado para uma pessoa, acomoda facilmente duas ou três, graças à existência de um segundo quarto, que pode também ser usado como espaço de leitura ou descanso. A construção é totalmente off-grid, capaz de operar de forma independente, já que está equipada com painéis solares, uma sanita seca ─ habitual nos projectos da empresa ─ e um sistema que recolhe a água da chuva.

Esta “pequena casa” é a oportunidade de a proprietária viver uma vida simples e próxima à natureza, muito semelhante aos verões que passava, durante a infância, na cabana familiar numa floresta sueca. “Esta é uma razão comum entre vários dos nossos clientes, sobretudo aqueles que se encontram numa fase de transição de vida, como a reforma. Procuram um espaço que ofereça silêncio, beleza e autonomia”, esclarece o arquitecto.

A casa conta com dois quartos, cozinha e casa de banho. Demorou sete semanas a ser concluída e teve em conta dois simples pedidos da dona: uma janela redonda e bastante arrumação. Para isso, a cozinha foi introduzida como corredor, com oportunidade de arrumação nas escadas que levam ao quarto superior.

No interior, as paredes são revestidas com bétula, “uma madeira dura e clara que oferece robustez ao espaço”. Para contrastar, o tecto é em casquinha, com uma tonalidade mais quente e textura mais marcada. Entre as paredes interiores e o revestimento exterior existe uma câmara-de-ar “que melhora o comportamento térmico, favorece a ventilação e prolonga a longevidade dos materiais”. O pavimento é em pinho e a casa de banho é revestida com madeira termotratada, “uma opção resistente à humidade”, explica o arquitecto.

A criptoméria japonesa, proveniente dos Açores, foi usada na estrutura da casa por ser “uma madeira leve, resistente e com excelente desempenho estrutural”. No exterior, a casa é revestida com madeira escurecida, uma técnica japonesa que consiste em queimar a superfície da madeira, de forma a melhorar a resistência a condições climáticas extremas. Todas as madeiras exteriores foram ainda tratadas com várias camadas de tintas e óleos naturais que conferem durabilidade.

“Contudo, como qualquer construção em madeira exposta ao exterior, é necessário um plano de manutenção a longo prazo. É uma relação contínua entre a casa e o seu habitante, como cuidar de um jardim ou de um barco”, concluiu o arquitecto.