O câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa para 2025 é de 73.610 novos casos da doença no Brasil. Apesar dos números expressivos, o avanço da medicina e o acesso aos exames de rastreamento aumentam as chances de cura quando o problema é identificado em estágios iniciais. Durante o Outubro Rosa, campanha global de conscientização sobre o câncer de mama, histórias de superação como as das atrizes Arlete Salles e Totia Meireles ganham visibilidade e mostram que o diagnóstico precoce salva vidas.

A oncologista Larissa Gomes destaca que o autoexame das mamas é uma ferramenta importante de autoconhecimento corporal, pois ajuda a mulher a perceber alterações como caroços, secreções ou mudanças na pele. No entanto, ele não substitui a mamografia, exame considerado o método mais eficaz para o rastreamento da doença. “O autoexame deve ser visto como uma prática complementar. Muitas vezes o câncer de mama é silencioso no início e só é detectado por exames de imagem”, aponta. A médica acrescenta que a recomendação é que as mulheres a partir dos 40 anos realizem a mamografia anualmente, ou antes, caso haja histórico familiar da doença.

O desenvolvimento do câncer de mama
A especialista pontua que a doença ocorre quando algumas células da mama passam a se multiplicar de forma desordenada, formando um tumor. Se não tratado, pode invadir tecidos próximos ou se espalhar para outras partes do corpo, em um processo conhecido como metástase.

Dra. Larissa Gomes – Divulgação

A médica diz que entre os principais fatores de risco estão o histórico familiar, mutações genéticas hereditárias (BRCA1 e BRCA2), idade avançada, primeira menstruação precoce ou menopausa tardia, não ter filhos ou tê-los após os 30 anos, consumo excessivo de álcool, tabagismo, sedentarismo e obesidade. “O uso prolongado de hormônios, como anticoncepcionais e terapias de reposição, também pode contribuir para o aumento do risco”, alerta.

Diferentes tipos exigem tratamentos específicos
A oncologista explica que existem diversos tipos de câncer de mama, com comportamentos e tratamentos distintos. O mais comum é o carcinoma ductal invasivo, que começa nos canais que conduzem o leite até o mamilo e pode invadir tecidos vizinhos. Já o carcinoma lobular invasivo se origina nos lóbulos produtores de leite. Há ainda o carcinoma in situ, considerado o estágio inicial da doença, quando as células cancerígenas ainda não se espalharam.

De acordo com Larissa, os subtipos moleculares também influenciam o tratamento, pois são definidos pelas características das células tumorais. Entre eles estão os tipos Luminal A e B, HER2 positivo e triplo negativo, este último mais agressivo e comum em mulheres jovens.

Sinais e diagnóstico precoce
A especialista ressalta que um nódulo na mama costuma se apresentar como um caroço endurecido que não desaparece com o ciclo menstrual, podendo ter bordas irregulares e movimentação limitada ao toque. Outros sinais que merecem atenção são alterações na pele da mama, como vermelhidão ou aspecto de “casca de laranja”, inversão do mamilo, saída de secreção espontânea e inchaço na axila. “Diante de qualquer alteração, é fundamental procurar um médico o quanto antes. O diagnóstico precoce aumenta muito as chances de sucesso no tratamento”, reforça.

Tratamento e chances de cura
A médica esclarece que as opções de tratamento variam conforme o estágio da doença. Nos casos iniciais, é possível realizar a retirada parcial da mama (quadrantectomia) associada à radioterapia. Em estágios mais avançados, pode ser necessária a mastectomia total, além de tratamentos complementares como quimioterapia, hormonioterapia ou terapia-alvo. “Quando o câncer é descoberto precocemente, as chances de cura ultrapassam 90%. Por isso, a informação e a prevenção são nossas maiores aliadas”, afirma.

Cuidar da mente também é parte da cura
Larissa lembra que o diagnóstico de câncer de mama impacta profundamente a vida da mulher, seja física, emocional e socialmente. Ela enfatiza que manter o equilíbrio emocional é primordial durante o tratamento. Além disso, a oncologista salienta a importância de aceitar apoio de familiares e amigos, participar de grupos de apoio, buscar acompanhamento psicológico e manter uma rotina saudável, com alimentação equilibrada e atividades prazerosas. “A fé, a espiritualidade e o acesso à informação também ajudam a paciente a atravessar o processo com mais força e esperança”, finaliza.

Especialista
Larissa Gomes é graduada em Medicina pela Universidade de Passo Fundo (RS), especialista em Clínica Médica pelo Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e em Cancerologia Clínica pelo Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Ela é membro da American Society of Clinical Oncology (ASCO), da European Society for Medical Oncology (ESMO) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Fundadora do Onco Residentes, plataforma voltada à formação de médicos residentes em oncologia, Larissa atua na promoção da educação médica e no fortalecimento da rede de apoio aos pacientes com câncer.