Enquanto isso, Trump passa o fim-de-semana na sua residência de Mar-a-Lago, na Florida, longe do clamor popular. Numa entrevista à Fox News transmitida na sexta-feira, antes de partir para um jantar de angariação de fundos da MAGA – a um preço de um milhão de dólares por prato no seu clube -, o presidente menorizou os protestos: “Dizem que me chamam de rei. Eu não sou um rei.”
Os organizadores, uma coligação de centenas de grupos e associações, esperavam mais de 2600 ações em cidades grandes e pequenas — um aumento em relação aos 1300 locais registados em abril, contra Trump e Elon Musk, e aos 2100 de junho, no primeiro evento “No Kings” convocado.
“Grandes manifestações como esta dão confiança a quem estava ‘na bancada’, mas pronto para falar”, comentou o senador democrata Chris Murphy à Associated Press. Líderes como o representante da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o independente Bernie Sanders juntam-se à causa, vendo-a como um antídoto contra as políticas de Trump: desde o cerco à liberdade de expressão até às operações militares contra imigrantes. “Não há maior ameaça a um regime autoritário do que o poder patriótico do povo”, afirmou Ezra Levin, ativista político e co-fundador da organização progressista Indivisible, um dos principais grupos promotores.
Do lado republicano, a reação foi agressiva. Líderes do GOP (Grand Old Party, como também é conhecido o Partido Republicano) classificam os manifestantes como marginais, comunistas e marxistas, culpando-os pela paralisação do Governo. “É o comício de ódio à América”, disse o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, do Louisiana. “Vamos ver quem aparece: tipos da Antifa, gente que odeia o capitalismo e marxistas em plena exibição.”
Em Lisboa também se ouviu “No Kings, No Crowns”
Além das manifestações em cidades dos EUA, também em várias capitais europeias desfilaram ações de protesto contra as políticas da administração Trump. Em Lisboa, norte-americanos residentes em Portugal protestaram para mostrar ao mundo que os Estados Unidos “não têm reis”.
A concentração aconteceu junto à estátua equestre de D. José I, onde mais de uma centena de participantes empunhavam cartazes e gritavam em coro: “No kings, no crowns” (Nem reis, nem coroas, numa tradução livre)
Uma das cidadãs presentes na manifestação exibia um cartaz rodeado de cinco cravos vermelhos, onde se lê “America needs what Portugal knows – Fight for true liberation” (A América precisa o que Portugal sabe – Lutar pela verdadeira libertação).
Gerry Walkney, de 71 anos, deslocou-se de Setúbal, onde reside há quase dois anos, por ser um “democrata assumido” e considerar necessário uma “grande união de norte-americanos” para destronarem o atual Presidente que “é péssimo no cargo e só tem prejudicado o país e o mundo”.
“É necessário que o Congresso faça alguma coisa para destituir este Presidente, o que não tem acontecido, já que o Congresso nada tem feito”, sublinhou.
Veja fotos de manifestações noutras cidades europeias: