Absolum é o mais recente título da Dotemu, editora que já nos habituou a recuperar o melhor dos clássicos com um toque moderno. Depois do sucesso de Streets of Rage 4 e TMNT: Shredder’s Revenge, a produtora francesa volta a apostar no género beat ’em up, desta vez com um surpreendente toque de roguelite que muda por completo a forma como o jogo se desenrola. Desenvolvido pela Guard Crush Games e pelos estúdios de animação Supamonks, Absolum chegou em outubro de 2025 para PC, PlayStation e Nintendo Switch.

Jogo: Absolum
Disponível para: Nintendo Switch, PC, PlayStation 4/5
Versão testada: PlayStation 4 e Nintendo Switch
Desenvolvedora: Dotemu, Guard Crush Games, Supamonks
Editora: Dotemu
Preço de Lançamento: 24,99€

Absolum

A história leva-nos até Talamh, um mundo destruído por um cataclismo mágico causado por feiticeiros ambiciosos. Do caos nasceu Azra, o autoproclamado “Rei Sol”, que escravizou todos os magos através da temida “Ordem Carmesim”. Cabe agora a um grupo de heróis renegados enfrentar o tirano e devolver a liberdade à magia. Entre eles estão personagens com personalidades bem distintas, como Galandra, uma guerreira necromante armada com uma espada colossal; Karl, o último anão livre de Talamh, perito em armas de fogo e luta corpo a corpo; Cider, um ágil caçador com machados e um braço extensível; e Brome, um jovem mago com aparência de sapo e poderes de levitação.

absolumAs personagens de absolum

Não sabia bem o que esperar de Absolum. A mistura de beat ’em up com roguelike era-me estranha, e a dúvida manteve-se durante os primeiros minutos e as primeiras duas mortes e espécie de game over. No entanto, à medida que fui jogando e percebendo a mecânica, tenho de tirar o chapéu aos criadores do jogo.

No geral, o combate é o coração do jogo. A jogabilidade mantém o ADN dos clássicos do género, mas dá-lhe uma fluidez e um peso modernos. Há ataques rápidos, golpes fortes, esquivas e até a possibilidade de defletir ataques inimigos — algo que exige um timing perfeito, mas acreditem que é incrivelmente satisfatório quando o conseguimos executar na perfeição.

Já o toque roguelite surge na estrutura do jogo: cada partida é diferente, com níveis, inimigos e poderes que mudam a cada tentativa. Quando morremos, voltamos ao início, mas levamos connosco melhorias e aprendizagens que tornam cada regresso mais interessante — daí a tal “espécie de game over” de que falei acima. Andamos em loop, e isso podia ser aborrecido, mas na verdade é bastante recompensador. Além disso, o mapa que nos leva ao destino final não é linear. Ele desdobra-se em vários caminhos possíveis, o que torna tudo muito fresco. Até existem secções fechadas que só mais tarde podemos abrir, assim como segredos escondidos no cenário.

Absolum

Cada personagem tem um estilo de luta completamente diferente, o que incentiva a experimentação. Além disso, o jogo pode ser desfrutado a solo ou em modo cooperativo, tanto localmente como online, onde a diversão pode atingir outro nível — com o caos dos combates a dois a encher o ecrã de explosões, feitiços e gargalhadas.

Visualmente, Absolum é deslumbrante. O estilo artístico desenhado à mão dá vida a um mundo vibrante e cheio de cor e personalidade, e a animação é suave e detalhada. A Dotemu já tinha mostrado a sua mestria neste campo, mas aqui consegue superar-se. Para quem gosta de banda desenhada, é impossível não notar semelhanças com a arte de Hellboy, do grande Mike Mignola. A banda sonora também não fica atrás: composta por nomes de peso como Gareth Coker (Ori), Yuka Kitamura (Elden Ring) e Mick Gordon (Doom Eternal), é uma mistura épica que combina orquestra e eletrónica, elevando o ambiente e a intensidade dos combates. É tão boa que estou neste momento a ouvi-la no Spotify enquanto escrevo esta análise.

Absolum OST

Assim, pode dizer-se que um dos maiores trunfos de Absolum é a sua rejogabilidade. A diversidade dá-lhe um toque original que, aliado a todos os outros atributos, torna este jogo verdadeiramente único. Mas, com isso, vem também o seu alto índice de dificuldade, o que pode ser um obstáculo para quem prefere uma experiência mais casual, como na maioria dos clássicos beat ’em up. Exige de nós alguma paciência, aprendizagem e aceitação de falhar várias vezes antes de dominar o sistema.

Além disso, apesar da variação nas partidas, é normal que haja momentos em que a estrutura repetitiva típica do género roguelite se faz sentir — mas calma, isso só acontece após muitas horas de jogo, pois é difícil não ficar preso àquela sensação de “só mais uma tentativa”.

No final, Absolum é um beat ’em up que teve a coragem de inovar — e fê-lo muito bem. É rápido, desafiante, visualmente impressionante e conta com uma das melhores bandas sonoras que ouvi ultimamente. E, acima de tudo, é um jogo que entende o equilíbrio entre nostalgia e modernidade — entre o arcade puro e a progressão estratégica. Para quem cresceu a jogar Golden Axe, Final Fight ou Target Renegade, é como regressar a casa… mas cheio de novas possibilidades e surpresas.

Sem dúvida, uma grande surpresa para mim e um dos melhores jogos de ação que joguei há muito tempo.

Classificação: 8,5/10

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Hugo Jesus

Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.