A Eslovénia decretou um embargo à exportação, importação e trânsito de armas para Israel, o primeiro país da União Europeia a fazê-lo, disse o primeiro-ministro, Robert Golob, ao anunciar a medida, na quinta-feira à noite.

O anúncio segue-se a uma série de passos de vários países com o objectivo de pressionar Israel a terminar a guerra em Gaza e a voltar a uma via negocial para a chamada solução de dois Estados, com França, Reino Unido e Canadá destacados no anúncio do reconhecimento do Estado da Palestina, e uma série de outros países, incluindo Portugal, a sinalizar a intenção de o fazer numa sessão nas Nações Unidas agendada para Setembro.

A Alemanha também mudou de tom e admitiu que poderia fazer o reconhecimento, mas apenas se Israel avançasse para anexação de territórios palestinianos.

A Eslovénia tinha já reconhecido o Estado palestiniano em Junho do ano passado tal como Noruega, Irlanda e Espanha.

Israel diz que estes reconhecimentos são um “prémio para o terror” do Hamas.

Algumas organizações, como a Amnistia Internacional, têm criticado os países que anunciam os seus reconhecimentos por não tomarem outras medidas, destacando o embargo de armas como a mais eficaz para o fim da guerra.

O Reino Unido, por exemplo, anunciou anteriormente a suspensão de 30 licenças de exportação de armas, num total de mais de 300.

A Eslovénia aplicou ainda o estatuto de persona non grata a dois ministros de extrema-direita, Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich, com os Países Baixos a fazerem o mesmo nesta semana.

O diário israelita Haaretz comentava que a proibição de entrada de ministros relevantes na Europa era mais um pequeno passo para o isolamento, “o muro que Israel está a construir entre si e o resto do mundo”.

Esta sexta-feira, o enviado especial de Donald Trump Steve Witkoff estará em Gaza para ver a distribuição de alimentos da GHF (Gaza Humanitarian Foundation) , no dia em que o alto comissariado da ONU para os direitos humanos disse que 1373 palestinianos morreram enquanto tentavam obter ajuda destes centros desde Maio, a maioria atingidos por disparos de soldados israelitas.

Os quatro centros da GHF contrastam com os 400 que eram antes operados pela ONU. As descrições de chegada das pessoas à ajuda são de caos e disparos para controlar a multidão num cenário de fome generalizada na Faixa de Gaza.

Anthony Aguilar, antigo oficial das forças especiais dos EUA que trabalhou nos centros nos seus primeiros dias, diz que a situação era de “uma luta caótica”, “sobrevivência do mais forte”, em que “toda a comida acaba”: “Vi [a comida] acabar em apenas seis minutos. Costuma demorar uma média de entre 8 a 11 minutos. Em geral, em oito minutos acaba tudo”, contou ao Haaretz.