Faltam dois ralis para se despedir do WRC, mas Kalle Rovanperä (Toyota GR Yaris Rally1) ainda foi a tempo de vencer pela terceira vez este ano numa prova em que Sébastien Ogier (Toyota GR Yaris Rally1) se despistou quando lutava para recuperar a liderança do rali, abandonando a prova, regressando apenas no dia seguinte para acumular pontos do super-domingo e da Power Stage.

A Toyota assegurou antecipadamente o Mundial de Ralis FIA para Fabricantes de 2025.

Depois disso, Rovanpera ficou com 38.4s de avanço para Elfyn Evans (Toyota GR Yaris Rally1), margem que se manteve consistente até ao final do rali, triunfando na prova.

Elfyn Evans (Toyota GR Yaris Rally1) foi segundo in-extremis, passando Tanak depois de uma bela luta até ao derradeiro troço, mas deixou claro que em condições normais, durante um rali inteiro não tem andamento para dar luta aos mais rápidos, só mesmo a espaços, mas fruto do acidente de Ogier, volta a ganhar fôlego no campeonato, chegando a duas provas do fim na frente do campeonato muito bem posicionado.

Campeonato volta a sorrir a Evans

O galês soma agora 247 pontos, mais 13 pontos que Sébastien Ogier e Kalle Rovanpera que estão empatados no segundo lugar, a duas provas do fim da época. Emoção é ‘coisa’ que não vai faltar nas duas últimas provas, especialmente pelo facto de Ogier e Rovanpera serem bastante mais favoritos que Evans, que no entanto…é ele que tem o avanço.

Ott Tanak (Hyundai i20 N Rally1) foi terceiro, foi ao pódio o que já não conseguia desde a sua prova caseira, na Estónia, o sexto pódio do ano, entre eles um triunfo, muito pouco para quem quer ser Campeão. Passou Evans na PEC12 e assumiu a segunda posição, entrou no último dia de prova com 8.4s de avanço para o galês, mas foi perdendo gás, até à PowerStage em que cedeu…9.0s para Ogier, devido a escolhas dep neus arriscadas, que não resultaram. Era tudo ou nada… foi nada!

Takamoto Katsuta (Toyota GR Yaris Rally1) foi quarto, o seu…quarto melhor resultado do ano. Curiosamente o mesmo que conseguiu nas Canárias a outra prova de asfalto, mas neste caso numa prova bem mais difícil fruto das condições. Mostrou ritmo competitivo e consistência durante a prova, vencendo as duas passagens pela especial de Klatovy na República Checa, destacando-se especialmente no sábado. Manteve-se entre os cinco primeiros ao longo de toda a prova, sem erros significativos, contribuindo fortemente para o domínio da Toyota.

Adrien Fourmaux (Hyundai i20 N Rally1) terminou em quinto, fez o que pode, mas foi ele que liderou o ataque inicial da Hyundai, mantendo-se entre os primeiros desde o início. Terminou o primeiro dia em terceiro lugar, próximo dos líderes apesar de condições adversas, mas depois vieram as dificuldades de equilíbrio no Hyundai i20 N Rally1, e caiu na classificação, já não conseguindo de sair da posição em que estava.

Sami Pajari (Toyota GR Yaris Rally1) terminou em sexto, manteve-se sempre próximo do top 5 no início do Central European Rally, terminando o primeiro dia a curta distância dos líderes. Apesar da forte concorrência, mostrou consistência ao longo das etapas iniciais, evitando erros e permanecendo numa posição sólida. Ao longo do rali, continuou a impressionar com prestação regular e fiável, finalizando entre os sete primeiros e contribuindo para o domínio coletivo da Toyota no evento.

Thierry Neuville (Hyundai i20 N Rally1) despistou-se no último dia de prova quando era apenas sétimo. Começou o rali com um ritmo competitivo, mas cedo enfrentou diversos problemas físicos e técnicos. Na sexta-feira de manhã, um furo traseiro direito após uma aterragem violenta fê-lo perder tempo e confiança, situação agravada por falta de aderência e dificuldades de ritmo ao longo dos dias seguintes. Na sexta à tarde, lutou com um capot a abrir-se, subviragem e mais problemas de pneus. Apesar de tudo, terminou o sábado com ânimo renovado, vencendo a última especial do dia em condições mais favoráveis, mas aquém das expectativas para um candidato ao título. Estragou tudo no domingo.

Grégoire Munster (Ford Puma Rally1) teve (mais um) rali atribulado, começando com prestações regulares entre os dez primeiros. No entanto, na manhã de sexta-feira, acabou por sair de estrada e partir a suspensão traseira ao errar o mesmo salto que causou o furo de Neuville, forçando-o a abandonar a prova prematuramente.

Josh McErlean (Ford Puma Rally1) enfrentou desafios semelhantes ao seu colega Munster logo no início, danificando a direção após um impacto. Apesar do contratempo, conseguiu sobreviver ao resto da etapa e concluiu o rali dentro do top 10, demonstrando resiliência num evento de elevado desgaste e muitas desistências.

O Central European Rally ficou marcado pela liderança quase constante de Sébastien Ogier e pela reviravolta provocada pelo seu acidente no sábado, deixando Kalle Rovanperä em vantagem numa prova marcada por condições exigentes, múltiplos incidentes e implicações diretas na luta pelos títulos de pilotos e construtores do WRC.

Filme da prova

5ª Feira: Ogier assume o comando ao cair da noite

Sébastien Ogier impôs-se desde cedo, liderando o Central European Rally por 1,6 segundos após as duas primeiras especiais rápidas de asfalto próximas de Passau. O francês, ao volante do Toyota GR Yaris Rally1, foi o mais veloz na especial inaugural, tirando partido do sol para adiantar-se ao colega Kalle Rovanperä e ao piloto da Hyundai, Adrien Fourmaux. No segundo percurso, já com a luz a esmorecer, Ogier melhorou o seu tempo, mas foi ultrapassado por Rovanperä por uma décima, mantendo ainda assim a liderança.

“Está mesmo no limite agora para alguns carros”, destacou Ogier, referindo a escolha de não usar luzes adicionais e antecipando desafios para o dia seguinte devido à instabilidade meteorológica, sobretudo nos troços checos. Rovanperä, por sua vez, atribuiu o seu êxito à preparação, admitindo que “os intervalos iriam sempre ser reduzidos”.

A noite terminou com Fourmaux em terceiro, seguido de Sami Pajari e Takamoto Katsuta, ambos com tempos idênticos e a curta distância. Elfyn Evans, após tocar num fardo de palha logo no início, ficou em sexto, enquanto Ott Tänak e Thierry Neuville, ambos da Hyundai, terminaram a noite ajustando os seus carros para os desafios de sexta-feira.

6ª feira de manhã: Ogier amplifica vantagem em manhã atribulada

Ogier reforçou a liderança ao longo das três especiais da manhã que cruzaram fronteiras entre Alemanha, Áustria e República Checa, ampliando o avanço para 3,9 segundos. O piloto da Toyota foi soberano especialmente no troço checo Col de Jan, batendo Rovanperä por 3,3 segundos e mostrando segurança perante condições difíceis, como lama e saltos perigosos.

“Sabíamos que a SS5 seria das mais exigentes do fim de semana. Fizemos tudo para ultrapassar as dificuldades”, afirmou Ogier, que escapou a um momento delicado ao aterrar parcialmente numa vala.

Rovanperä manteve-se assertivo, mas admitiu cautela nas partes mais lamacentas. A Toyota consolidou o domínio, aproximando-se do título de construtores, enquanto a Hyundai viu Tänak subir a terceiro e Neuville perder terreno devido a um furo depois de um aterragem violenta. “Não tive sensação do apoio e depois, o furo… toquei numa pedra na vala”, justificou Neuville.

Evans, penalizado pela infração da véspera, recuperou para quarto, enquanto Munster e McErlean, da M-Sport Ford, sofreram contratempos graves nas mesmas zonas traiçoeiras, levando ao abandono de Munster. A manhã terminou com todos expectantes para a repetição das especiais no período da tarde.

6ª de tarde: Ogier resiste, Toyota domina

No final do primeiro dia completo, Ogier manteve uma escassa vantagem de 0,6 segundos sobre Rovanperä, beneficiando da experiência nas seis especiais do dia.

“Foi mais difícil do que o normal abrir a estrada no asfalto”, reconheceu Ogier, salientando que o sucesso resulta da atenção aos ‘pequenos detalhes’.

Rovanperä sentiu-se mais confortável nas zonas limpas e rápidas, especialmente nas especiais austríacas e alemãs, mostrando prazer pela condução “quando é asfalto puro”.

Evans recuperou terreno e celebrou o 200.º arranque do co-piloto Scott Martin ao fechar o pódio da Toyota. Tänak e Katsuta completaram os cinco primeiros, ambos reforçando a predominância Toyota, que se aproximava do título de construtores.

Fourmaux melhorou na parte final para Hyundai, mas o dia ficou marcado pela sucessão de dificuldades para Neuville, que enfrentou problemas de capot, subviragem e outro furo. Munster voltou a embater e abandonou com suspensão partida, enquanto McErlean sobreviveu com a direção afetada.

Oliver Solberg, já coroado campeão WRC2, ocupou o décimo posto, mas era Alejandro Cachón quem liderava a categoria, dado o estatuto de não elegível do sueco.

Sábado de manhã, a reviravolta: Ogier fora de prova

Logo na primeira metade de sábado, o rali mudou de rumo. Ogier, segundo classificado, despistou-se violentamente na especial Keplý, sob condições de chuva.

O francês perdeu o controlo ao passar numa zona coberta de folhas, batendo numa árvore e destruindo a frente esquerda do Yaris num impacto de 10G. Tanto Ogier como o co-piloto Vincent Landais saíram ilesos, mas o episódio reviveu a memória do acidente sofrido há um ano no mesmo evento.

Com Ogier fora de combate, Rovanperä tomou o comando, vencendo a especial e ampliando a vantagem para 38,4 segundos sobre Evans. Evans, agora virtual líder do campeonato, destacou que “o abandono de Ogier não muda nada, é manter o foco”.

Tänak manteve-se consistente em terceiro, Katsuta subiu a quarto e Fourmaux liderou o melhor desempenho da Hyundai, enquanto Neuville prosseguiu com dificuldades.

Toyota permaneceu próximo da consagração como campeão de construtores, bastando evitar um revés maior nas sete etapas restantes do rali.

Sábado de tarde: Rovanperä segura comando, impacto na disputa pelo título

No desenrolar da tarde, Rovanperä consolidou a liderança do Central European Rally, mantendo-se 36,3 segundos à frente após o acidente de Ogier, que alterou significativamente a matemática dos títulos.

Rovanperä assumiu o comando logo pela manhã e nunca mais largou, deixando Evans e Tänak num duelo pelo segundo lugar, com o piloto da Hyundai superando o britânico graças à vitória na repetição de Keplý.

Evans, por sua vez, reconheceu dificuldades com o ritmo da tarde mas prometeu lutar até ao fim.

Katsuta brilhou com duas vitórias em troços e manteve Toyota em sólida posição para garantir o campeonato de construtores. Fourmaux permaneceu regular, enquanto Pajari e Neuville completaram os sete primeiros, este último mostrando melhorias nas secções mais suaves.

Na WRC2, Léo Rossel assumiu a liderança após o abandono de Cachón por problemas na suspensão.

FOTO @World