Nove meses depois da tomada de posse de Donald Trump, cerca de sete milhões de pessoas saíram este sábado à rua nas principais cidades norte-americanas, para criticar o que dizem ser uma governação tirana e autocrática dos Estados Unidos da América (EUA). Os protestos, convocados por uma coligação de organizações, mobilizaram pessoas em mais de 2600 locais dos EUA, com ações marcadas também para Lisboa, Londres, Madrid ou Berlim.
A Praça do Comércio foi o epicentro da concentração contra o Presidente norte-americano em Portugal, onde dezenas de pessoas se apresentaram com cartazes que partilham o lema dos protestos, “No Kings” (“Sem Reis”, em português). “Parem com a insanidade, tornem a América democrática novamente”; “Sem Reis, sem KKK, sem fascismo”; “Sem tiranos”, foram algumas das mensagens erguidas em cartolinas na praça lisboeta.
Incólume à onda de protestos, o Presidente dos EUA passou o dia no seu clube de golfe em Mar-a-Lago. Através da Truth Social, Donald Trump partilhou imagens geradas por inteligência artificial em que surge mesmo retratado como um rei; num deles, aparece a pilotar um jato e a sobrevoar uma manifestação enquanto descarrega fezes sobre os manifestantes.
As milhares de pessoas que em todo o mundo se mobilizaram para os protestos apontaram as políticas de imigração, educação e segurança como símbolos de uma decadência democrática que estará a levar os EUA rumo a uma autocracia, com Trump como rei, daí o lema das manifestações convocadas para este sábado.
Naturalmente, foi nos EUA que se concentraram a maioria dos manifestantes, com a organização a esperar milhões de pessoas nas ruas. Segundo a polícia de Nova Iorque, os protestos reuniram mais de 100 mil pessoas em vários pontos do estado. Em Washington, os protestos contaram com a presença especial do senador democrata Bernard ‘Bernie’ Sanders, que deixou vários avisos no discurso que fez perante a multidão.
“O nosso país está em grande perigo quando temos um presidente que ameaça deter e prender opositores políticos”, disse o experiente político de 84 anos. Sanders criticou também a intimidação aos jornalistas por parte da Casa Branca, a interferência no funcionamento das universidades e ameaça feita por Trump de afastar juízes que não concordem com as suas ordens.
Manifestação levou milhões de pessoas às ruas em vários estados norte-americanos
Milhares de pessoas saíram à rua para criticar “rei Trump” também na Europa
As Forças de Imigração e Alfândega norte-americanas (ICE, na sigla em inglês) têm sido outro dos alvos dos manifestantes. As operações dos agentes federais arrancaram no início deste ano com o objetivo de “levar a cabo a lei de imigração dos EUA” e deter todos os imigrantes considerados criminosos. Logo na tomada de posse, o Presidente prometeu que ia “devolver milhões e milhões de imigrantes criminosos aos sítios de onde vieram”.
Em Chicago, que tem sido palco de muitas ações do ICE, o governador Brandon Johnson disse à multidão que não iria permitir uma “ocupação” da cidade pelas “tropas”.
Nos últimos meses têm-se repetido os protestos contra a administração da Casa Branca e já levaram Donald Trump a enviar militares para estados norte-americanos, sobretudo os liderados por governadores democratas, com o argumento de que as autoridades estaduais não conseguem controlar a violência e a criminalidade.
Artigo atualizado às 10h30 com informação sobre a estimativa feita pela organização sobre o número de participantes