Chama-se Istanbul Bridge e, com assinatura chinesa, fez história, recentemente. O país asiático está a desafiar as regras do comércio marítimo com um navio cargueiro que atravessa o Ártico para entregar carros elétricos na Europa em metade do tempo.

Navio cargueiro Istanbul Bridge, que completou, pela primeira vez, uma travessia pelo Ártico até ao porto britânico de Felixstowe, reduzindo para metade o tempo normal de envio de mercadorias da China para a Europa.

No dia 14 de outubro, o navio cargueiro Istanbul Bridge completou, pela primeira vez, uma travessia pelo Ártico até ao porto britânico de Felixstowe, reduzindo para metade o tempo normal de envio de mercadorias da China para a Europa.

Conforme reportado pela Reuters, o cargueiro transportava a bordo cerca de 4000 contentores, carregados com baterias de iões de lítio, painéis fotovoltaicos e componentes para carros elétricos.

O Istanbul Bridge chegou ao porto britânico de Felixstowe com mercadorias destinadas a vários países europeus, nomeadamente Alemanha, Polónia e Países Baixos, num momento em que as exportações chinesas para a Europa aumentam.

Navio cargueiro Istanbul Bridge, que completou, pela primeira vez, uma travessia pelo Ártico até ao porto britânico de Felixstowe, reduzindo para metade o tempo normal de envio de mercadorias da China para a Europa.

China reforça presença na Europa

A viagem durou cerca de 20 dias, desde o porto chinês de Ningbo-Zhoushan, no dia 22 de setembro. Embora estivesse planeada para 18 dias, houve um atraso de dois, devido a uma tempestade ao largo da Noruega.

Ainda assim, normalmente, os navios cargueiros que atravessam o canal do Suez demoram entre 40 e 50 dias.

Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, a travessia foi realizada pela Rota Marítima do Norte, um corredor que percorre completamente a zona económica exclusiva da Rússia.

Navio cargueiro Istanbul Bridge, que completou, pela primeira vez, uma travessia pelo Ártico até ao porto britânico de Felixstowe, reduzindo para metade o tempo normal de envio de mercadorias da China para a Europa.

Por reduzir drasticamente o gelo marinho, o aquecimento global abriu uma janela sazonal para este tipo de navegação.

Afinal, durante as últimas quatro décadas, o Ártico aqueceu quatro vezes mais rápido do que a média do planeta, tornando viável o que antes era impensável: rotas comerciais regulares.

A China colabora há anos com a Rússia nesta zona com o objetivo de reduzir a sua dependência do estreito de Malaca e do canal do Suez, dois pontos críticos do comércio mundial.

Navio cargueiro Istanbul Bridge, que completou, pela primeira vez, uma travessia pelo Ártico até ao porto britânico de Felixstowe, reduzindo para metade o tempo normal de envio de mercadorias da China para a Europa.

Com uma guerra comercial ativa com os Estados Unidos, o país asiático procura veemente rotas mais rápidas e seguras para a Europa, o seu segundo maior mercado mundial.

Para a China, a Europa assume cada vez mais uma posição de grande cliente. Com esta rota, o país consegue encurtar distâncias tanto físicas como estratégicas, e reforçar a sua presença nos vários países europeus.

Além de mais rápida, a empresa Sea Legend Line Limited, operadora do navio cargueiro, garante que a nova rota reduz as emissões de CO2 ao encurtar o trajeto, contribuindo para os objetivos de descarbonização global.

As baixas temperaturas ajudam a conservar os componentes de alta tecnologia e os mares mais calmos reduzem o risco de danos.

Explicou o diretor de operações da companhia marítima, Li Xiaobin, à Xinhua.

Entretanto, o diretor-executivo da empresa, Fang Yi, acrescentou que a rota “poderia reduzir os níveis de stock em até 40%, melhorando a eficiência de toda a cadeia logística”.