Mais de 2.700 concentrações e manifestações estão previstas ao longo do dia de sábado em todos os estados norte-americanos, das pequenas localidades rurais às grandes cidades de Nova Iorque a São Francisco, e com destaque em Washington.
Na capital, numa manifestação próximo do parlamento, a multidão pediu em coro que Donald Trump “saia”, enquanto na Florida manifestantes exibiam cartazes mostrando o Presidente com disfarce e maquilhado como Staline e como Rainha da Inglaterra.
Em resposta, o Presidente publicou uma série de vídeos, gerados por inteligência artificial, na rede social que detém, a Truth Social, retratando-o como um rei.
Num deles, Trump aparece a usar uma coroa e a pilotar um jato de combate que despeja o que parecem ser fezes sobre os manifestantes.
Para Paulo, que participou no protesto em Washington, a situação nos Estados Unidos faz-lhe lembrar a infância sob a ditadura militar no Brasil.
“Tenho uma incrível sensação de `déjà vu` em relação às medidas legais tomadas e ao culto da personalidade”, disse o manifestantes.
O dia de mobilização foi criticado pela direita, que apelidou o movimento “de ódio contra a América”.
Várias figuras de esquerda, como Bernie Sanders e o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, estiveram presentes nas marchas.
“Temos um Presidente que quer sempre mais poder nas suas mãos e nas mãos dos seus comparsas oligarcas”, declarou Sanders, perto do Capitólio, em Washington.
“É urgente que todos se mobilizem e façam todo o possível para resistir à queda da democracia que estamos a viver”, afirmou Hannah Foster, de 41 anos, funcionária de uma empresa de joias que participou no protesto que reuniu milhares de pessoas em Nova Iorque
Em Boston, no parque Boston Common; no Grant Park de Chicago; junto aos edifícios estaduais no Tennessee e Indiana e frente a um tribunal em Billings, Montana, mas também em Atlanta, foram centenas os espaços públicos que os manifestantes encheram para gritar “não a reis, não a Trump”.
Donald Trump abalou o equilíbrio no sistema democrático norte-americano ao interferir nos poderes do Congresso e dos governos dos diferentes estados, e ao ameaçar os opositores com retaliações judiciais.
Esta é a terceira mobilização em massa desde o regresso de Trump à Casa Branca, e acontece num momento em que o atual executivo tem estado a testar o equilíbrio dos poderes, pressionando o Congresso e os Tribunais “em direção ao autoritarismo”, segundo os manifestantes.
O primeiro protesto `No Kings`, a 14 de junho, levou às ruas cerca de cinco milhões de manifestantes, com eventos organizados em 2.100 cidades dos Estados Unidos