Esta segunda-feira assinala-se o Dia Mundial de Combate ao Bullying e a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) lança brochuras para pais, mães e cuidadores sobre o tema e apela à importância de conversar com crianças e jovens sobre estas situações. Numa altura em que “o cyberbullying é uma preocupação crescente”.
A maioria das vítimas não procura ajuda dos adultos mais próximos, com vergonha do que poderão pensar sobre elas e receio de perderem o acesso às tecnologias digitais.
Foto: Zhivko Minkov – Unsplash
“Apesar de ser mais frequente em ambiente escolar e entre crianças e adolescentes, qualquer pessoa pode ser alvo de comportamentos de bullying.” Por isso, os psicólogos avisam que “pode acontecer em qualquer local, a qualquer hora, de forma persistente”. Uma pesquisa publicada em 2020 revelou que “uma em cada três crianças em todo o mundo é vítima de bullying”.
Já “em Portugal, quase 50 por cento dos jovens participantes num estudo, revelaram estar envolvidos em comportamentos de bullying uma vez por semana/mês, como vítimas, agressores ou ambos”, lembra a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).
A OPP sublinha que bullying não faz parte de “crescer” e não torna as crianças “mais fortes”, não deve ser normalizado nem aceite. “Nenhuma forma de bullying é normal ou aceitável. Preparar uma criança para a vida não é normalizar a violência, mas educar para o respeito, igualdade, não-violência e não discriminação”.
A Ordem dos Psicólogos alerta que “a partir do momento em que a criança ou o adolescente tem um telemóvel/computador/tablet sem supervisão, está em risco”.
Mitos que a Ordem dos Psicólogos quer desfazer
MITO: o bullying acaba por se resolver, são fases! É melhor ignorar.
FACTO: o bullying é um comportamento repetido. Ignorar o bullying pode dar ao bullie a ideia de que pode intimidar/bater/insultar sem consequências.
MITO: O bullying só acontece na escola.
FACTO: Apesar de ser mais frequente na escola, o bullying pode ocorrer em qualquer outro lugar (nos espaços circundantes, nos meios de transporte, em casa) e nas diferentes plataformas online.
MITO: O bullying acontece quando ninguém está a ver.
FACTO: A maioria dos incidentes de bullying acontece na presença de testemunhas.
MITO: Se alguém te intimida/bate/ insulta não há problema em intimidar/bater/insultar, para que a pessoa pare.
FACTO: É normal que o bullying nos faça sentir raiva, mas agredir alguém que nos agride não vai melhorar a situação e pode até piorá-la.
MITO: Os bullies nascem assim, com propensão para intimidar/bater/ insultar.
FACTO: O bullying não é uma identidade, mas antes um comportamento aprendido. Muitos factores (personalidade, família, escola) podem contribuir para que alguém se torne um bullie. Por vezes, os bullies agridem por já se terem sentido agredidos.”
MITO: Os bullies costumam ser rapazes.
FACTO: Quer os bullies, quer as suas vítimas, podem ser rapazes ou raparigas.
MITO: Por ocorrer online e não causar danos físicos, o ciberbullying é mais inofensivo.
FACTO: O ciberbullying é um comportamento grave, muitas vezes ocorrendo em anonimato e podendo chegar a uma maior audiência, e tem consequências tão graves quanto as do bullying.
MITO: Denunciar um bullie só piora as coisas.
FACTO: O bullying deve sempre ser denunciado. A denúncia pode fazer parar o bullying. É importante falarmos com alguém de confiança – pais e mães, professores/as ou psicólogos/as, podem ajudar-nos a acabar com o bullying.”
Como se pode travar o bullying?
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) aconselha, quando não é possível evitar o agressor, “ser corajoso/a. Quando temos medo de alguém não nos sentimos corajosos/as. Mas, às vezes, agir como se nos sentíssemos corajosos/as pode ser o suficiente para parar um bully.“
Outro conselho da OPP – “Andar com um amigo. Dois são melhor do que um quando queremos evitar um bully. Tentar andar sempre com pelo menos mais um amigo/a no caminho para a escola, durante o almoço ou o intervalo é uma boa estratégia. Podemos também oferecer-nos para fazer o mesmo por um amigo/a que esteja a ser vítima de bullying.”
“Dizer a um adulto. Quando somos vítimas de bullying é muito importante contarmos a um adulto. Encontrar alguém em quem possamos confiar e contar o que se passa connosco. Contar a alguém não é fazer queixinhas!”.
Contactos úteis:
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