Neste sábado, na Taça de Portugal, a ida do Sporting a Paços de Ferreira colocava frente a frente o segundo classificado da primeira divisão e o terceiro da segunda – terceiro a contar do fim. A diferença de nível e de desempenho nesta temporada era enorme, mas o Paços, que ainda não ganhou um jogo no campeonato, conseguiu esbater a distância com muita intensidade, concentração e, sobretudo, aproveitando uma equipa “leonina” pouco interessada em estar ligada ao jogo durante largos minutos.
O Sporting acabou por seguir em frente com um triunfo por 3-2, tendo sido obrigado a jogar um prolongamento para chegar a uma vitória justa.
Paços muito baixo
O Paços trouxe a este jogo um 5x4x1 bastante baixo, procurando responder à sempre muito larga linha ofensiva do Sporting – frequentemente cinco ou seis jogadores na linha da frente.
Já Rui Borges, apesar de manter o desenho habitual em 4x2x3x1, mudou mais de metade do “onze”, tendo Pedro Gonçalves na posição 10.
O jogo até começou com mais perigo do Paços, com o Sporting algo “mole” na zona defensiva. Houve duas transições da equipa da casa nos primeiros cinco minutos – ambas com passividade “leonina” – e um terceiro momento, aos 18’, com golo: Quaresma, algo desconcentrado, ficou a meio caminho entre a contenção e o duelo e acabou por não fazer nenhuma das coisas. Foi batido, Mangas demorou a fechar a zona interior e João Victor pôde lançar Lumungo pelo espaço vazio, finalizando perante Virgínia.
A nível ofensivo, o Sporting estava com dificuldades pelo facto de o Paços ter uma segunda linha muito fechada – os alas estavam muito por dentro. Parecia que o “ouro” estava no dois contra um que Vagiannidis e Quenda poderiam criar por fora, mas, curiosamente, o perigo chegou quando o Paços alterou a ideia-base.
Os alas passaram a ser facilmente atraídos ao corredor e isso criou problemas. Primeiro aos 22’, com Alisson a atrair três adversários. A bola rodou por Morita e Hjulmand, sempre a dois toques, e chegou ao apoio frontal de Ioannidis – pareceu sofrer penálti, mas o árbitro retardou o apito para ver o resultado do remate posterior de Pote, que deu golo.
Aos 31’, novamente Alisson a comprometer três adversários e houve perigo de Pote. E aos 35’ a mesma ideia, do lado oposto, com Quenda a atrair adversários e solicitar Pote por zonas interiores, com combinação com Ioannidis.
A receita era sempre a mesma: ter os laterais por dentro, abrir Alisson e Quenda, atrair adversários ao um contra um e colocar a bola no espaço interior, depois de comprometidas as ajudas.
Parecia haver alguma inocência dos médios do Paços pela forma como eram atraídos às ajudas no espaço exterior, muitas vezes sem necessidade disso.
Mais passividade
Pouco depois do intervalo, nova passividade do Sporting e nova má postura de Mangas, muito perdido a nível de posicionamento. Houve cruzamento de Lumungo e finalização de João Victor.
O Sporting refez o empate aos 61’, em mais uma saída mal medida do guarda-redes Jeimes – tinha havido canto de Quenda e houve cabeceamento de Ioannidis antes da intervenção do guarda-redes.
A segunda parte não estava a ser muito diferente da primeira. O Sporting jogava em permanente ataque posicional, com o Paços a defender em 30 ou 40 metros, tendo a equipa muito junta.
Já havia, ainda assim, menos avidez nas ajudas aos laterais, algo que permitia à equipa manter-se mais coesa, sem buracos na zona central provocados por jogadores chamados a compensar colegas em zonas exteriores.
O Sporting estava a conseguir muito menos jogo interior e quando Rui Borges mexia na equipa parecia estar a preencher o ataque de jogadores novos, dando-se uma sobrepovoação de mérito discutível – a equipa estava a jogar melhor quando conseguia atrair fora e ferir por dentro, ideia que precisa mais de espaço e dinamismo do que de muita gente no espaço interior.
No prolongamento houve 3-2 aos 104’, num lance de dois contra um de Fresneda e Catamo – o ala Mateus Martins, apesar de estar bastante fresco, não quis acompanhar Fresneda e contribuiu para o desequilíbrio, que terminou com cruzamento do espanhol para autogolo de Tiago Ferreira.