O museu do Louvre tem uma longa história de furtos e tentativas de assalto, tendo o mais famoso ocorrido em 1911, quando a Mona Lisa desapareceu da moldura, roubada por Vincenzo Peruggia, um ex-funcionário que se escondeu dentro do museu e saiu com a pintura sob o casaco.

Markus Schreiber
No dia 21 de agosto de 1911, o quadro Mona Lisa, da autoria do pintor Leonardo da Vinci, desapareceu do Museu do Louvre, em Paris, sem que ninguém tivesse dado por isso.
O roubo aconteceu a uma segunda-feira, com o museu fechado e com pouca gente, e a ausência da obra só foi notada no dia seguinte. A polícia foi chamada ao local, foi aberta uma investigação e o Louvre esteve fechado durante uma semana. Foram convocados mais de 60 polícias para as buscas, revelou o jornal norte-americano, New York Times.
Naquela altura, a Mona Lisa não tinha o reconhecimento que tem hoje e muitas pessoas nunca, sequer, a tinham visto. A fama surgiu precisamente após o quadro ser roubado.
“A imagem começou a aparecer em noticiários cinematográficos, caixas de chocolate, postais e anúncios publicitários. De repente, ela transformou-se numa celebridade como as estrelas de cinema e cantores”, escreveu o escritor britânico Darian Leader, autor do livro “O Roubo da Mona Lisa e o que a arte nos impede de ver”.
A partir daquele momento, o museu recebia visitas de pessoas que tinham curiosidade em ver o espaço onde a Mona Lisa estava exposta e que era agora uma parede vazia.
Quem roubou o quadro?
A obra mais conhecida de Leonardo da Vinci esteve desaparecida durante mais de dois anos. Durante esse tempo, personalidades das artes como o pintor Pablo Picasso e o poeta Guillaume Apollinaire chegaram a ser considerados suspeitos, mas ambos eram inocentes.
O que aconteceu, afinal, no dia 21 de agosto de 1911? É preciso sublinhar que o museu tinha um sistema de segurança pouco fiável e um número reduzido de guardas.
Vincenzo Peruggia, o autor do roubo, não precisou de um plano robusto, daqueles que vemos nos filmes. Peruggia conhecia bem a zona onde a Mona Lisa estava exposta, uma vez que tinha sido ele mesmo a instalar o vidro que protege a obra, um ano antes, em 1910.
Roger Viollet
O italiano ainda tinha o uniforme branco que os funcionários do museu usavam e foi mesmo isso que vestiu. Depois de passar a noite dentro de um armário com materiais de pintura, dirigiu-se à obra-prima, tirou a tela da moldura, guardou-a dentro do casaco e saiu do museu.
Mais de dois anos depois do assalto, em dezembro de 1913, Peruggia tentou vender a obra a um negociante de arte em Florença. Mas o homem ficou desconfiado e chamou o patrão. Ambos viram o selo no verso do quadro que confirmava a sua autenticidade. Disseram a Peruggia que iam ficar com a obra e que o contactavam mais tarde para finalizar o pagamento, contou Tom Hoobler à rádio norte-americana NPR.
Vincenzo Peruggia voltou para casa e passado pouco tempo já tinha a polícia a bater à porta. O homem chegou a apresentar várias desculpas, uma delas de que era um patriota e queria devolver o quadro a Itália. Acabou por se declarar culpado e foi condenado a oito meses de prisão.
A Mona Lisa regressou ao Louvre no dia 4 de janeiro de 1914.