O Lexus LM foge completamente ao que esperamos de um carro tradicional. Mais do que um automóvel, é um jato privado com matrícula.
Lexus LM
Primeiras impressões
O luxo de um jato privado no trânsito da cidade. Só por isso o Lexus LM é especial.
Há automóveis que se conduzem. E depois há outros que servem para nos transportar. O Lexus LM pertence claramente a esta segunda categoria. Foi em plena Nova Zelândia, com paisagens de postal como pano de fundo, que tive oportunidade de o conduzir… ou melhor, de ser conduzido. Mas já lá vamos.
Quase que consigo adivinhar como começou a reunião na Lexus que ditou o perfil deste modelo: “E se criássemos um monovolume tão luxuoso quanto a primeira classe de um avião comercial?”.
Foi assim que a Lexus decidiu pegar num conceito perfeitamente banal (MPV ou monovolumes) e transformá-lo num autêntico palácio sobre rodas. Não falta rigorosamente nada. Só mesmo contratar um motorista para nos conduzir. Mas como poderão ver no vídeo em destaque, nem mesmo isso me faltou:
A sigla LM significa Luxury Mover e, honestamente, não poderia ser mais adequada. Este não é um carro pensado para ser apenas prático e versátil. É pensado para ser um espaço onde o tempo abranda.
A imagem exterior tem tanto de imponente quanto de controversa. Os mais de cinco metros de comprimento do Lexus LM nunca vão passar despercebidos. Mas este é um daqueles casos em que o segredo está no interior. E é quando abrimos as portas dos lugares traseiros deste monovolume que percebemos, realmente, qual o seu principal argumento: o luxo.
L de luxo
No interior, há duas configurações possíveis: quatro ou sete lugares. Mas é a versão de quatro lugares que mais se destaca — e não é difícil perceber porquê.
Atrás, encontramos duas poltronas reclináveis, bem ao estilo da primeira classe de um avião, com programas de massagem, ventilação e aquecimento, separadas da frente por um painel divisório com um ecrã retrátil de 48″. Sim, 48. Não é um tablet ou um pequeno monitor, é uma verdadeira televisão.

Podia ainda falar do facto de tudo ser controlado através de um smartphone ou de termos um pequeno frigorífico que nos permite ter a nossa bebida favorita sempre à mão.
Mas a pièce de résistance é mesmo a privacidade, já que todos os vidros podem ficar cobertos por cortinas que criam um filtro para o interior. Além disso, a Lexus desenvolveu um sistema de cancelamento ativo de ruído (tal como nos headphones), vidros acústicos e um isolamento ao nível de um estúdio de gravação. Resultado? A única coisa que se houve no interior é a nossa respiração.
Conforto sobre rodas
Apesar de ser um carro maioritariamente pensado para quem gosta de se sentar atrás, o Lexus LM também impressiona quem assume o volante. A posição elevada e a direção suave fazem com que manobrar um monovolume de 5,13 m seja surpreendentemente fácil.
A suspensão adaptativa inteligente — ou, se preferirem, Adaptive Variable Suspension com sistema Frequency Sensitive Valve — ajusta-se em tempo real às irregularidades do piso, criando o efeito de que o Lexus LM está a flutuar sobre os buracos. E sempre sem deitar uma gota de suor.
A contribuir para isso está a mecânica híbrida que anima este modelo que, na versão 350h vendida na Europa, combina um bloco a gasolina com 2,4 litros de capacidade com dois motores elétricos e uma pequena bateria com 1,3 kWh, para uma potência total combinada de 250 cv.

Contudo, por estarmos longe da Europa e das suas normas de emissões apertadas, a unidade que testámos é bem mais potente: recorre ao mesmo sistema híbrido com dois motores elétricos e um bloco a gasolina de 2,4 litros, mas com a potência máxima combinada a crescer até aos 371 cv.
Graças a estes números, o Lexus LM é capaz de atingir os 185 km/h de velocidade máxima e acelera dos 0 aos 100 km/h em 6,9s. Está longe de ser um velocista, é certo, mas a resposta do sistema híbrido é sempre suave e silenciosa. E mais importante do que isso, está perfeitamente alinhada com a filosofia deste modelo.
Não é barato
Apesar de ter no mercado chinês o seu principal impulsionador, o Lexus LM também chegou à Europa e pode ser comprado em Portugal, por um preço que ronda os 170 mil euros. Também por isso, não é para todos.
É para clientes que valorizam o conforto acima de tudo, para ser usado com motorista, em deslocações de trabalho, em transfers de hotéis de luxo ou simplesmente por quem pode (e quer) transformar cada viagem numa sessão de spa sobre rodas.

É claro que quem comprar este conceito de monovolume reinventado pode optar por conduzi-lo. Mas não há vergonha nenhuma em admitir que o melhor lugar é atrás, com a poltrona reclinada, os pés esticados e um filme a passar no ecrã gigante. Vão por mim. Sei do que falo.