O livro Os Últimos Filhos da Floresta, do fotógrafo e documentarista Ricardo Martins, é finalista do Prêmio Jabuti 2025 na categoria Não Ficção – Artes, que reconhece obras de relevância cultural e artística no país.
A publicação retrata a vida e a resistência do povo Yanomami, destacando também uma ação concreta de retorno à comunidade: parte da renda do projeto está sendo revertida para a doação de materiais para a construção de uma escola indígena na aldeia Hemare Pi Wei, no território Yanomami, na Amazônia.
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O principal objetivo da escola é valorizar a cultura indígena, preservando seus saberes e tradições, e ao mesmo tempo proporcionar o aprendizado da cultura da cidade — pois, como disse Maciel, uma das lideranças da aldeia, “esse será o nosso escudo, a nossa defesa”.
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Terra Indígena Yanomami. Foto: Leonardo Prado/PGR
Para Ricardo Martins, chegar à final do Jabuti representa mais do que um reconhecimento artístico. “Esse livro é resultado de uma forma de ampliar o alcance da voz Yanomami. A escola simboliza o futuro desse povo”, afirma.
Fotógrafo premiado e autor de 15 livros, Martins já recebeu o Prêmio Jabuti em 2012, na categoria Melhor Fotografia, e tem obras em instituições como a UNESCO, em Paris, e a Galeria Tretyakov, em Moscou.
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O livro
O livro Os Últimos Filhos da Floresta nasceu de uma imersão de Ricardo Martins na aldeia Yanomami, após mais de um ano e meio de negociações para garantir o acesso e o consentimento da comunidade.
O livro reúne imagens e relatos do cotidiano indígena, acompanhados de QR codes que conduzem a vídeos exclusivos sobre os bastidores das fotos. A obra faz parte de um projeto maior que inclui o documentário “Yanomami, Os Últimos Filhos da Floresta”
Sobre o povo Yanomami
Terra Indígena Yanomami. Foto: Divulgação
Os Yanomami são um dos maiores povos indígenas relativamente isolados do mundo. Vivem há mais de mil anos na floresta amazônica, entre as terras altas da atual Venezuela e o território brasileiro, distribuídos entre a Terra Indígena Yanomami, no Brasil, e a Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, na Venezuela. Tradicionalmente, são caçadores, agricultores e coletores, vivendo em comunidades profundamente integradas à floresta.
Para os Yanomami, a floresta não é apenas um ambiente natural ou recurso econômico. É uma entidade viva, sagrada. A “urihi” (como chamam a terra-floresta) é um ser com o qual humanos e não-humanos mantêm uma relação espiritual contínua. Essa visão se aproxima da chamada Hipótese de Gaia, proposta nos anos 1970 pelo cientista britânico James Lovelock, que entende a Terra como um organismo vivo e autorregulador.
Terra Indígena Yanomami. Foto: Divulgação
Desde a década de 1980, o modo de vida Yanomami vem sendo ameaçado por fatores externos, como o avanço do garimpo ilegal, o desmatamento, a propagação de doenças trazidas de fora e a violência. Essa pressão coloca em risco não apenas a sobrevivência física do povo, mas também sua cultura, cosmovisão e relação com o território.
Proteger os Yanomami é, em última instância, proteger a floresta. E enquanto seus territórios e modos de vida forem respeitados, a floresta ainda terá chances de se manter em pé.
Sobre Ricardo Martins
Ricardo Martins é um dos principais nomes da fotografia de natureza do Brasil. Jornalista, apresentador e sócio-fundador da RM Produções. Martins tem suas imagens exibidas em espaços de prestígio internacional, como a sede da UNESCO, em Paris, e a Galeria Tretyakov, em Moscou. Seu trabalho reforça seu papel como verdadeiro embaixador das belezas naturais brasileiras.
O livro Os Últimos Filhos da Floresta, do fotógrafo e documentarista Ricardo Martins. Imagem: reprodução/site
É autor e editor de 15 livros, entre eles A Riqueza de um Vale, obra reconhecida com o Prêmio Jabuti em 2012, na categoria Melhor Fotografia — um dos mais importantes reconhecimentos da literatura nacional.
Em Os Últimos Filhos da Floresta, Ricardo mergulha ainda mais fundo: não apenas em paisagens amplas e grandiosas, mas também nas texturas e detalhes delicados da selva e de seus habitantes. Um mundo oculto, isolado e vibrante, retratado com a sensibilidade de quem sabe que preservar é, antes de tudo, enxergar.